Falei no post passado Soccernomics: êxodo rural, fascismo e … Champions League! que mudei um pouco a estratégia aqui do MundoRaiam.
Ao invés de sair ostentando livros (esse nao já foram 148 e a lista está aqui nesse link), resolvi diminuir o ritmo de leitura e compartilhar com o mundo um pouco sobre cada livro que eu ando lendo.
Depois de Soccernomics de Simon Kuper, hoje é a vez de TOTAL RECALL de Arnold Schwarzenegger.
A melhor biografia que eu já li
Encho a boca pra dizer que TOTAL RECALL (em português A INACREDITÁVEL HISTÓRIA DA MINHA VIDA) é a melhor biografia que eu já li na vida.
A galera que já me acompanha há um tempo vai lembrar de dois posts de 2015 que eu citei esse livro:
As 10 melhores biografias na estante lá de casa
Por que os EUA são mais avançados que nós? A resposta está na juventude! Schwarzenegger explica…
Vale lembrar que eu não tenho heróis e não idolatro ninguém e ainda escrevi um livro inteiro explicando por que o ser humano não deve idolatrar outro ser humano.
Acho que vale a pena você dar uma olhada lá no MISSÃO PAULO COELHO… sei que você não leu ele ainda.
Apesar da minha aversão a esse sentimento de idolatria, vou abrir um parênteses.
Arnold Schwarznegger é um dos poucos caras que eu olho assim e penso: “Esse aí é pica! Quero pensar que nem ele”.
Imigrante Ilegal
Estou finalizando a pesquisa de background para meu quinto livro Imigrante Ilegal e tenho baseado meus estudos em duas frentes:
1- livros sobre o conflito racial negros versus brancos versus hispânicos nos Estados Unidos
2- histórias de imigrantes ilegais que se deram bem nos Estados Unidos.
Ainda não consegui encontrar um imigrante ilegal que conquistou tanto nos Estados Unidos quanto o Arnold Schwarzenegger.
Por causa disso, fui lá e baixei o TOTAL RECALL no Audible pela quinta ou sexta vez.
Assim como eu, Arnold largou a família e foi para os Estados Unidos muito cedo em busca de um futuro melhor.
A razão dele era basicamente a mesma que a minha: ele se sentia especial e único e não queria fazer o que todo mundo estava fazendo.
É aquele velho princípio do “A média é fraca”.
Apesar de não citá-la diretamente, a LEI DA ATRAÇÃO aparece pelo menos umas 40 vezes ao longo do livro.
Autenticidade é a alma do negócio
Eu gosto de autenticidade.
Ao contrário de 95% das autobiografias que a gente vê por aí, eu consigo pegar a essência do Arnold simplesmente porque ele joga aberto com o leitor.
Lembra do Caso Bel Pesce que ela pintou uma imagem perfeitinha dela mesma, se transformou em celebridade e acabou caindo?
Quando a pessoa é autoconfiante e está conectada com a energia infinita do Universo, ela é tão leve que não tem vergonha de reconhecer publicamente que é humana e faz um monte de merda.
E eu dou muito valor pra quem é assim: Silvio Santos, Tatá Werneck, Vampeta, Kanye West e o próprio Mario Schwartzmann são pessoas que estão tão confortáveis com si mesmos que literalmente tocam o foda-se para o “viver de aparência”.
O legal é que o livro inteiro é cheio de contradições e parece que o Arnold faz questão de deixar o seu lado inconsistente transparecer.
Vou te dar alguns exemplos:
– um austríaco… que virou líder político nos Estados Unidos
– um republicano… que ama democratas
– um cara tranquilo e do bem… que fez sua fama matando gente no cinema
– um fitness hero… que ama fumar charutos. Para piorar, um oficial do governo americano que fumava charutos cubanos ilegalmente em pleno embargo
– um cara famoso pela disciplina… que se ferrou várias vezes pela falta de disciplina
Acho que o momento mais autêntico do livro é quando ele fala de sua pulada de cerca.
Arnold pegou a empregada mexicana, fez um filho nela e só foi assumi-lo publicamente quando a criança tinha 14 anos.
Não tinha como negar que um muleque com essa cara não era filho de Arnold Schwarzenegger.
O problema é que não veio de dentro.
A mulher dele Maria Shriver (membro do clã Kennedy) descobriu e colocou ele contra a parede.
Resultado? Divórcio!
Só que dá pra sentir pelo tom da narrativa o quanto o Schwarzenegger ama a ex-mulher dele e quão arrependido ele ficou depois do episódio.
Parece que ele tem uma pontinha de depressão até hoje por ter partido com a mulher de sua vida.
O engraçado é que o Arnold é um cara que conseguiu tudo na vida e transformou todos os seus sonhos em realidade…
…mas está na cara que a vida atual dele não está completa e ele se cobra muito por um único motivo: não conseguir reatar com a Maria.
Me identifiquei hein…
Os hacks do Arnold
O Arnold é tão sinistro que faz questão de colocar um capítulo no final de sua própria autobiografia resumindo os principais pontos e lições do livro.
É aí que você vê que ele se importa muito mais com as pessoas do que com seu próprio ego.
Sim, o livro é uma biografia em primeira pessoa. Só que as últimas 20 páginas viram um mega de um manual de filosofia de vida… recheada de agressividade e verbos no modo imperativo!
Vou colocar o título de cada “hack” do Arnold em inglês, assim como eles estão escritos no livro original.
Se você não entende inglês, problema é seu. Não deveria nem estar aqui lendo esse site.
1. Turn your liabilities into assets
Cá entre nós, o inglês do Arnold é péssimo até hoje… mesmo depois quase 50 anos depois de ter se mudado para a Califórnia.
Mês passado, gravei um podcast com a produtora de Hollywood Fernanda Toledo e ela abriu o jogo sobre como funciona a peneira para atores estrangeiros lá em Los Angeles:
“Tem sotaque? Adeus!”
Se o sotaque do Arnold é ruim hoje, imagina como era lá nos anos 1970 quando ele fazia testes para ator.
Daí ele ouvia coisas do tipo:
– Você não vai conseguir porque você é estrangeiro
– Você não vai conseguir porque você não fala inglês direito
– Você não vai conseguir porque você é mondrongo e não tem os looks de Hollywood
– Você não vai conseguir porque você é muito grande e a câmera tende a aumentar as pessoas
– Você não vai conseguir porque seu nome é muito difícil de falar
Depois que ele conseguiu botar o pé dentro da indústria do cinema, o bagulho continuou:
– Você só serve para fazer filmes de brucutu
– Você nunca vai conseguir ser um protagonista com falas
– Você não sabe fazer o público rir
Ele foi lá, trabalhou duro e executou.
Hack #1 do Arnold: Você é preto? Viado? Gordo? Feminista? Deficiente? Pobre? Nordestino? Estrangeiro? Tem cabelo ruim? Tem TDAH? Tem sotaque? As pessoas dizem que você não vai conseguir?
Usa isso como uma arma ao seu favor, enfia no cu de todo mundo e prova que eles estão errados.
2. Never Follow The Crowd… Go Where It’s Empty
Arnold usa uma sabedoria muito comum na cidade de Los Angeles para ilustrar esse ponto:
“Avoid the freway at rush hours. Take the side streets”
Ele diz que o ser humano está acostumado a usar atalhos e ser diferente da manada para fugir de problemas.
Só que são pouquíssimas as pessoas que usam esse mesmo c0nceito de fugir da manada na hora de construir uma carreira.
Segundo o Arnold, as pessoas normais simplesmente fazem o que todo mundo está fazendo… e acabam fudidos e frustrados como todo mundo.
BINGO!
Enquanto as manadas de Hollywood estavam procurando uma ponta de figurante, Arnold colocou a barra dele lá em cima: ele estava concentrado em ser protagonista… mesmo sem nunca ter sido ator.
Qual é o racional? Lá no topo tem menos competição!
Um livro muito bom sobre esses “atalhos” direto para o topo que o Arnold cita é SMARTCUTS: THE BREAKTHROUGH POWER OF LATERAL THINKING do fundador da Contently Shane Snow.
3.Whatever You Do In Life, Selling Is Part of It
Vender (e se vender) é humano!
Segundo nosso amigo bodybuilder aí, se as pessoas não sabem o que você está fazendo, você é um zero a esquerda.
Daí ele usou o exemplo do que ele fazia com o esporte de bodybuilding.
Enquanto os outros caras só competiam e mostravam o corpo, o Arnold ia além: ele vendia o esporte!
Ele mostrava os treinamentos, escrevia sobre bodybuilding, levantava a bandeira de que fazer musculação era bom para a saúde numa época em que quase ninguém malhava, se comunicava com a mídia, com o público.
Depois de tanto vender o esporte (e se vender também), ele conseguiu o que queria.
O Brasil é um lugar onde as palavras “vendedor” e “marketeiro” têm uma conotação negativa mas aí… como é que as pessoas vão descobrir que você existe? Como é que você vai deixar de ser um zero a esquerda?
4. Overanalyzing Kills
Se você pensar muito, outra pessoa vai agir na tua frente.
“If you freeze, you lose.”
Segundo o Arnold, toda vez que ele escutou seus impulsos e acreditou na fé ele se deu bem.
O exemplo que ele deu? Ele estava sob pressão na hora de assinar um contrato para fazer um filme com o Danny de Vito.
A saída? Os dois assinaram um contrato num pedaço de guardanapo e confiaram nos produtores.
Cabum! Irmãos Gêmeos de 1988 bateu o próprio Exterminador do Futuro na bilheteria.
Agir por instinto é bom! No livro, o Arnold recomenda desligar a mente como se você estivesse no meio de uma meditação.
Tem dois escritores que eu leio/escuto todo santo dia: além da Bíbia, criei o hábito de estudar Joseph Murphy e Paulo Coelho todo dia depois de acordar.
Uma das principais lições da obra dos dois é a importância de agir por impulso e deixar o coração falar mais alto.
Quanto mais você pensar e analisar, mais você vai hesitar. Lembra do grupo #2 daquele experimento da Lei dos 20 quilos?
Pouca gente faz isso. Quem faz, pode até se ferrar no curto prazo… mas nunca se arrepende no longo.
Fé ativa neles!
5. Forget Plan B
Para desafiar a si mesmo e crescer, você tem que operar sem um plano B.
Se não existe plano B, o plano A tem que funcionar.
Imagina um trapezista sem aquela rede embaixo para amortecer a queda? Depois dá uma olhada no vídeo motivacional do Eric Thomas que fala exatamente sobre essa rede do trapézio: Eric Thomas – No Net.
Daí ele fala sobre visualização negativa.
Visualização Negativa é um conceito que eu uso muito na minha vida pessoal e é uma ideia dos pensadores estóicos da Grécia Antiga que foi resgatado agora pelo autor Tim Ferris no livro Trabalhe Quatro Horas Por Semana.
O negócio funciona mais ou menos assim: pensa no que vai acontecer contigo no pior dos cenários.
No meu exemplo: se tudo der errado na minha vida, minhas empresas quebrarem e meu dinheiro acabar, eu simplesmente vou voltar a morar com os meus pais, vou surfar, vou andar de bicicleta e vou jogar futevolei. Not bad.
Quando você vê que o pior que pode acontecer não é tão ruim assim, você fica leve para atingir o melhor!
Toma aí um artigo do Ryan Holiday sobre essa prática da visualização negativa.
6. The Day Has 24 Hours
Um estudante universitário jogou o Arnold contra a parede numa palestra que ele fez quando era governador.
O muleque reclamou que o custo da faculdade tava aumentando e disse que precisava de mais financial aid do governo.
Vale lembrar que nessa época, Arnold “herdou” um estado da Califórnia com as finanças totalmente quebradas e as universidades públicas estavam sentindo o peso.
Daí o mondrongão sambou na cara do estudante:
“What’s wrong with working part-time? Do more with your extra hours instead of complaining and outsourcing the responsibility to the government.”
Ele contou que, quando tinha a idade do muleque, ele treinava na academia 5 horas por dia, fazia faculdade na Santa Monica College, trabalhava de pedreiro e ainda tinha tempo para fazer aula de ator por 3 horas durante a noite.
Não conte com o governo. Sacrifica um pouquinho mais que você vai conseguir sem ele.
Tá sem tempo? Acorda mais cedo!
7. Reps, reps, reps
Aqui nesse hack, o Arnold praticamente resume a LEI DOS 20 QUILOS mesmo sem conhecê-la.
Ele conta que escrevia seu workout e seus objetivos num caderninho todo santo dia.
Daí à medida que ele ia completando as repetições, ele riscava no caderninho.
“If you do the repetitions, you won’t have to worry about anything”
Lembra do meu livro Hackeando Tudo? What gets measured, gets improved!
8. Don’t Blame Your Parents
Arnold era filho do delegado do vilarejo onde ele cresceu.
O que significava isso?
Significava que ele tinha que dar exemplo por ser filho do delegado e não podia fazer merda na rua que nem as outras crianças.
Mesmo assim, ele ia lá e fazia merda…
Não preciso nem dizer que ele batia de frente com seu pai o tempo todo e o pau comia dentro de casa.
Arnold passou grande parte da vida reclamando da linha-dura e da disciplina dentro de casa. Pra piorar, seu pai era o crítico #1 da carreira de bodybuilder do Arnold e queria que ele se alistasse no exército.
Só que, depois que o Arnold ficou velho, ele pensou no seguinte:
“Se meu pai fosse um cara bonzinho e amoroso que nem o pai dos outros meninos, eu talvez não teria fugido da Áustria e ido para os Estados Unidos”.
Eu sou campeão do mundo em culpar meus pais.
E vou te contar que o negócio lá é brabo até hoje: são 15 anos seguidos de guerra não resolvida dentro de casa.
Mas se você parar pra pensar, nada do que conquistei até hoje haveria acontecido se eu não tivesse fugido de casa em 2005.
E por que eu fugi de casa com 15 anos? Porque meu pai exigia disciplina de militar e pegava no meu pé igual o pai do Arnold.
Se meu pai fosse bonzinho, eu não teria jogado futebol americano, não teria ganho bolsa para a University of Pennsylvania, não teria viajado o mundo, não teria trabalhado em Wall Street e talvez não teria história nem conhecimento suficiente para escrever livros e tocar esse site.
Tudo bem que meus maiores defeitos na atualidade estão diretamente correlacionados com os defeitos do meu pai e da minha mãe.
Mas aí… isso não é culpa deles.
Lembra do post Quando sucesso e dinheiro não resolvem seu problema? Mais ou menos por aí…
9. Change Takes Balls
Arnold conta um pouco da sua amizade com Mikhail Gorbachev e diz que ele é um dos caras mais brabos e sagazes que já conheceu em toda sua vida.
Acho que vale a pena explicar o título desse hack. A expressão “to have balls” significa “ter culhões”, “ser sacudo”.
Para Arnold, Gorbachev é um cara sacudo porque ele cresceu no regime comunista, foi educado no regime comunista, foi levado ao poder porque era peixe dos manda-chuvas soviéticos e, mesmo assim, enxergou que a parada tinha que mudar, questionou o status-quo, acreditou nele mesmo e executou!
Gratificação imediata zero!
Na real, Gorbachev ia estar muito melhor se continuasse do jeito que tava… só que ele pensou na melhor direção do país no longo prazo e entrou pra história.
10. Take Care of Your Body And Mind
Ele começa esse hack de uma maneira meio curiosa: Arnold agradece aos gregos.
Ué, como assim?
A resposta tem tudo a ver com o título dessa seção: body and mind.
Os gregos nos deram as Olimpíadas… e também nos deram os pensadores.
Nessa leva de conectar o corpo e a mente, ele conta uma história sobre seu encontro com o Papa João Paulo II no início dos anos 1980.
Papo vai, papo vem, João Paulo contou pro Arnold sobre sua rotina de hábitos matinais:
– Acordar 5 da manhã
– Ler jornais em 5 línguas diferentes
– Fazer 200 flexões
– Fazer 300 abdominais
– Tomar café
A conclusão dele?
“If world leaders have time to work out, so do you!”
Mano, se até o Papa João Paulo II se exercitava, quem é você para não se exercitar e qual é a sua desculpa para ser sedentário?
Bom, já escrevi demais e já dei muito spoiler.
Se quiser conhecer a inacreditável história da vida do Governator Arnold Schwarzenegger além desses 10 hacks de auto-ajuda, te dou duas opções:
1) PAGANDO
Você vai no Amazon Brasil e compra o livro nesse link aqui debaixo:
2) DE GRAÇA
Você usa esse crédito aqui (mundoraiam.com/audiobooks) se inscreve no Audible. Esse link aí, você ganha dois audiobooks grátis. Daí é só buscar pelo Total Recall e escutar ele em inglês de graça …. com a voz do próprio Schwarzenegger!
Valeu falows!
~Raiam
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