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Por que Wall Street está cheia de ex-jogadores de futebol americano?

Kobe Blog
Escrito por Kobe Blog em 09/07/2015
Por que Wall Street está cheia de ex-jogadores de futebol americano?

 

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Vai no trading floor de qualquer grande banco de investimento em Nova York e você vai encontrar um monte de cara parrudo de mais de 1,90m comandando as mesas de operação.

Te garanto que a grande maioria desses caras foram jogadores de futebol americano em uma das seguintes universidades:

Harvard, Yale, Columbia, UPenn, Princeton, Cornell, Dartmouth ou Brown.

ivy league
O que elas têm em comum?

Essas 8 universidades fazem parte de um seleto grupo chamado Ivy League.

São as faculdades mais caras, mais tradicionais e com os vestibulares mais difíceis dos Estados Unidos.

Uma anuidade nesses lugares custa em torno de 60mil dólares, fora os custos de moradia e alimentação.

Por que Wall Street é dominada por ex-jogadores de futebol americano da Ivy League?

Entre 2007-2011, fiz parte da equipe de futebol americano do Pennsylvania Quakers e fui federado na NCAA.

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Além de ter cometido a loucura de fazer três faculdades ao mesmo tempo, passava boa parte do meu dia no Franklin Field, um velho estádio com quase 60mil lugares fincado bem no centro de Philadelphia.

No meu último ano de faculdade, venci o prêmio ACADEMIC ALL IVY LEAGUE.

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O ACADEMIC ALL-IVY é entregue anualmente para os atletas mais estudiosos dos Estados Unidos. Para estar elegível, o cara tem que ser campeão do mundo em balancear a parte atlética com a parte acadêmica.

Só de ter isso no meu currículo, centenas de portas se abriram pra mim no mercado de trabalho.

Depois da formatura, passei dois anos nesse ambiente de bancos de investimento em Nova York e tenho algumas explicações para esse fenômeno Ivy League → Wall Street:

 

Fator Time Management:

O atleta da Ivy League não tem tempo pra porra nenhuma.

Além dos treinos, sessões de musculação, reuniões e viagens longas nos fins de semanas, eles ainda têm que estudar para provas, escrever dissertações e preparar apresentações assim como os “meros mortais” que só estudam.

Sabe aquele mito de que jogador de futebol americano é ajudado pelos professores com a caneta mais leve? Isso pode existir nas state schools mas te garanto que a Liga das 8 passa longe disso.

Mandar bem nas aulas em Harvard já é difícil, imagina com tempo limitado para estudar?

 

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Fator Fracasso:

O atleta da Ivy League está acostumado a lidar com o fracasso.

Fracasso na hora de receber as notas, fracasso nos treinos, fracasso no jogo.

O mercado financeiro é um jogo de altos e baixos.

Em muitas das vezes, você não ganha salário. Tem que caçar o próprio peixe.

Tem dia que você ganha mais dinheiro do que seus pais ganham num ano inteiro. E tem dia que você perde tudo e ainda fica endividado.

Se o cara está acostumado a más notícias e sobreviveu quatro anos num lugar cheio disso, ele consegui provar que tem culhão e está pronto para botar a cara no mundo.

Pode botar alguns milhõeszinhos de dólares na mão dele!

 

 

Fator Sacrifício

Diferentemente das outras centenas de universidades jogam NCAA Football na TV aos sábados, a Ivy League NÃO DÁ BOLSAS DE ESTUDOS PARA ATLETAS.

Os caras não têm obrigação de estar ali “trabalhando” de graça por mais de 40 horas por semana.

E, como eu falei no ítem 1,  não é só no campo: tem musculação, treinos de agilidade, análise de vídeos, viagens e alguns compromissos de mídia.

Não recebem um tostão no bolso e só fazem esse sacrifício todo por que são determinados e têm paixão pelo que fazem.

Fator Hierarquia:

Quando você chega no campus, uma coisa está certa: você não vai jogar no seu primeiro ano.

Imagina treinar duro 5 vezes por semana durante um ano inteiro e não colocar os pés dentro de campo?

 

Quando você é freshman, você tem que chegar quietinho, aprender ao máximo e, quando chegar tua vez, quebrar tudo e entregar muito mais do que esperam de você.

E é bem assim no mercado financeiro.

Ou você acha que você vai chegar no Goldman Sachs com 21 anos e ligar pro Warren Buffett para fazer um pitch de uma ação?

 

 

Fator Familiaridade:

Quando é hora de contratar um analista júnior, você quer um cara parecido com você.

Um cara que passou pelos mesmos perrengues que você passou.

Já que os chefões de Wall Street são ex-jogadores de futebol de futebol americano da Ivy League, eles realmente dão prioridade para essa mulecada que jogou.

Para você ter uma idéia, tem muito nerd com CR acima de 95% que é preterido por jogadores com CR na faixa dos 60% na hora de conseguir emprego no mercado financeiro.

O cara que me ajudou a entrar em Wall Street em 2011 é ex-jogador do Pennsylvania Quakers. E o chefe dele, o maior patrocinador do futebol americano de UPENN.

 

Fator Networking:

Durante seus 4 anos no time de futebol americano, você está exposto à milhares de ex-alunos e ex-jogadores que ficaram ultra bem sucedidos.

Quando você manda um email para um cara desses de Nova York se apresentando e pedindo ajuda para arrumar emprego, ele já sabe quem você é porque ele torceu por você e te viu dentro do campo vestindo aquela armadura durante 4 anos.

 

Fator Intimidação

O ambiente num trading floor em Nova York é bem hostil.

Se você for fraco de espírito ou inseguro demais, você não dura nem uma semana naquilo lá.

Um cara que jogou futebol americano no nível NCAA já vem com um pouco de marra e auto confiança dentro dele.

Essa autoconfiança é a qualidade mais comum entre todos os picas que eu já conheci no mercado financeiro nos meus 5 anos de carreira.

 

Como eu sou o cara dos livros, vou deixar dois bons títulos para quem se interessou nessa história de jogadores futebol americano saindo da faculdade para trabalhar em finanças.

Ugly Americans

 

O primeiro é o Ugly Americans: The Wall Street Cowboys Who Raided The Asian Markets For Millions.

Ele conta a história de um jovem jogador de Princeton que, através do contato de um ex-jogador que comandava a mesa de operações de um grande banco de investimento, virou trader e ganhou milhões com a queda das bolsas da Ásia nos anos 1990. 

 

Wall Street – O Livro Proibido

 

Pega esse artigo e multiplica por 200.

Wall Street conta praticamente toda minha experiência nessa transição de jogador de futebol americano para analista de investimento em Nova York.

O livro é autobiográfico, cobre os 3 anos da minha vida que estive envolvido nesse mundo dos bancos de investimento. Só que ele acaba tendo um conteúdo muito didático, especialmente para aqueles que não entendem porra nenhuma de mercado financeiro.

Tem a parte boa… mas ele é quase que 80% focado na parte ruim de ganhar muito dinheiro muito cedo e morar numa cidade em Nova York.

O Wall Street: O Livro Proibido está disponível em versão ebook no Amazon e em versão audiobook no Ubook.

 

 

Grande abraço!

~Raiam

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