Mercado Financeiro

Pai Rico, Pai Pobre... Pai Empresário

Kobe Blog
Escrito por Kobe Blog em 02/03/2017
Pai Rico, Pai Pobre... Pai Empresário

Já vou avisando de antemão que o tópico tem uma pegada diferente dos outros posts do site MundoRaiam.

Dito isso, tô há um tempão para escrever esse post por um simples motivo: o problema que eu vou apresentar agora é de recorrência em grande parte dos meus clientes da mentoria, dos meus amigos pessoais e também dos meus leitores aqui do blog.

Antes de entrar de cabeça no tópico do Pai Rico e do Pai Empresário, vou trazer a história de um menino de 17 anos que conheci mês passado em São Paulo.

 

Almoço grátis

Mês passado, eu passei uma semana em São Paulo para fazer algumas reuniões de negócios pelo Itaim e ajeitar os últimos detalhes do lançamento da versão impressa do meu livro WALL STREET: A SAGA DE UM BRASILEIRO EM NOVA YORK.

wall street raiam

Falando em Wall Street, obrigado a todos que me deram aquela moral e compraram o livro. Um obrigado mais especial ainda para o pessoal que me mandou print com o livro pelas livrarias de norte a sul do Brasil.

Como eu falei naquele post Por Que Eu Não Tenho 1 Milhão De Seguidores, toda semana eu pago o almoço de 4 leitores dos meus livros em cidades diferentes do Brasil.

No meio daquela correria de São Paulo, mandei um email para o pessoal que assina a minha newsletter marcando um almoço para o dia seguinte.

A pessoa ganharia um almoço 0800 se mostrasse um print do Amazon provando que leu meus dois livros mais recentes IMIGRANTE ILEGAL: O LADO NEGRO DO SONHO AMERICANO e CLASSE ECONÔMICA: EUROPA COMUNISTA.

Menos de 5 minutos depois, já tinha recebido o print de 4 camaradas.

O intuito dos almoços é trocar uma ideia mais pessoal com a galera que acompanha meu trabalho e é exatamente por isso que eu mantenho o limite dos encontros de leitores em 4 pessoas.

Se passar disso, a qualidade do bate-papo cai muito.

Duas horas depois do e-mail, eis que um leitor me manda uma mensagem perguntando se ainda tem vaga.:

“Aí Raiam! Posso ir também? Sei que já preencheram as vagas mas eu pago meu próprio almoço”

Fui curto e grosso com ele e respondi algo do tipo:

“Regras são regras. Se eu disser sim para você, vou ter que dizer sim para outras 20 pessoas que mandaram o print antes de você. Aí vira bagunça”

Ele insistiu.

Disse que passou a tarde inteira fazendo a prova da FUVEST e obviamente não tinha como responder o email com o print do livro.

Eu disse para ele que não faltariam outras oportunidades.

Ele insistiu mais.

Depois da terceira insistência dele, eu lembrei que eu mesmo era chato (e determinado) assim quando tinha 17 anos.

Foi aí que minha cabeça estalou com aquele velho ditado americano popularizado pelo personagem de Michael Douglas no filme Wall Street: Poder e Cobiça de 1987:

“A fisherman always sees another fisherman from afar”

Falei para ele que estaria no Itaim na parte da tarde.

Entre uma reunião e outra, o muleque descobriu aonde eu estava e ainda me pagou um café no Octavio Lounge da Faria Lima em troca de 15 minutos com ele.

Gostei tanto da sua correria e determinação que o levei para participar das minhas reuniões naquela tarde.

Umas quatro horas depois, acabei gravando um episódio do Podcast MundoRaiam.

Por que eu comecei o post com essa história?

O nome da criança é Raul Dagir e ele acabou de passar no vestibular da melhor universidade do mundo, a Stanford University.

Segura essa informação porque eu vou trazê-la de volta daqui a alguns minutos para amarrar o argumento principal desse texto.

(e segura o link do podcast para você ouvir depois).

 

 

O critério do podcast

Não sei se falei isso publicamente mas eu tenho dois critérios-chave na hora de convidar alguém para o meu podcast.

O principal deles? Quando eu mesmo noto que a pessoa é mais foda que eu em algo que eu dou valor.

Não sei se você lembra mas 2 anos atrás eu escrevi um artigo sobre as Ferraris e as Fiat Unos ressaltando a importância do “fator ambiente”.

A frase-chave do artigo foi a seguinte:

“Se você é o melhor aluno da sua sala, troque de sala… ou chame alguém que é melhor que você”

Eu, Raiam, me sinto um cara foda por uma série de motivos.

Nossa, cara! Que falta de humildade!

Foda-se!

Acho que o primeiro requisito para você ser bom em alguma coisa é instalar no seu HD mental que você é bom naquela coisa.

Isso aí é um recurso de psicologia que foi muito bem usado por um cara chamado Muhammad Ali.

Muito antes do cara ser campeão mundial, ele já repetia que era uma lenda do boxe.

As pessoas achavam aquilo o fim da picada.

Nossa! Que cara arrogante!

De tanto ele repetir aquilo, de tanto ele acreditar nele mesmo, ele realmente acabou virando uma lenda do boxe.

Se liga nessa frase aí: 

Uma das últimas vezes que eu usei esse recurso foi quando escrevi o Hackeando Tudo. Muito antes de publicar o livro, eu já tinha na minha cabeça que eu era um ESCRITOR BEST-SELLER

Pra piorar (ou melhorar), eu repetia aquilo em voz alta e, às vezes, em público.

Resultado? Mais de 60 semanas seguidas na lista do Amazon e um contrato com uma grande editora.

Não sei se você percebeu, mas esse conceito da arrogância positiva é um dos principais enredos do meu sexto livro IMIGRANTE ILEGAL: O LADO NEGRO DO SONHO AMERICANO.

E digo mais: esse tipo de visualização nada mais é do que uma aplicação prática da tal Lei da Atração que eu tanto falo aqui no blog.

Comentários marrentos e arrogantes à parte, tem muitas e muitas áreas que eu preciso melhorar…

E é por essas e outras que gravo meus podcasts com jovens brasileiros que ignoram os padrões da sociedade (e dos pais) e se destacaram em seus respectivos setores antes de completar 30 anos.

Seguindo a frase ali de cima, o podcast é apenas mais uma maneira de trazer gente melhor que eu para a minha sala.

Dou valor a gestão corporativa… chamei o Fernando Trotta para trocar ideia no podcast.

Dou valor a superação pessoal… chamei o Flavio Luz.

Dou valor a tecnologia e programação… chamei o Guilherme Petersen.

Dou valor a monetização de sites… chamei o William Rufino.

Dou valor a experiências internacionais… chamei o Thiago Slivak.

Dou valor a desenvolvimento pessoal… chamei o Caio Ferreira.

Dou valor ao networking… chamei a Fernanda Toledo

Dou valor a hábitos e ao poder da repetição … chamei o Patrick Dutton

Outra coisa que eu dou muito valor é o seguinte:

Quando o cara é filho de pai rico e, ainda sim, consegue se auto-motivar para tocar a vida dele pra frente sem precisar mamar nas tetas da família.

Mano, isso é uma habilidade raríssima hoje em dia.

 

Filho de pai rico

Uma sabedoria bem comum no mercado financeiro lá nos Estados Unidos é que a riqueza de uma família dura 3 gerações.

Dá uma olhada nesse artigo da TIME Magazine para entender melhor esse fenômeno.

A sequência geralmente acontece assim:

Pai Rico –> Filho Nobre –> Neto Pobre –> Bisneto Revoltado.

Numa das primeiras temporadas do programa Shark Tank, a investidora Barbara Corcoran recusou um pitch porque ela simplesmente não investia em empreendedores filhos-de-pai-rico.

É claro que o comentário dela deu o que falar na mídia americana. Mais sobre a treta nesse link do Business Insider.

Segue a explicação da Barbara:

“An entrepreneur from a wealthy family doesn’t need to start a business to make a living, and that is a critical difference when things inevitably get difficult. If you have a safety net, you won’t be willing to do whatever it takes to succeed.”

Tradução? Falta de senso de urgência!

No Brasil, acontece algo parecido com os herdeiros… só que a riqueza não some em 3 gerações que nem lá fora.

Por que, Raiam?

Já pisei em mais de 50 países e ainda não encontrei um lugar onde é mais fácil de ser rico do que no Brasil.

Fácil de ser rico? Ah? Para de falar merda cara!

Já falei sobre isso naquele painel que eu participei no III Fórum Liberdade e Democracia mas vale a pena repetir aqui no blog para quem não assistiu o vídeo do YouTube.

Vamos dizer que sua família juntou 1 milhão de reais.

Se você deixar essa grana PARADA no Tesouro Direto, CDB de banco ou qualquer outro produto meia-bomba de renda-fixa, você vai ganhar uns 10mil por mês… SEM FAZER PORRA NENHUMA!

Você pode passar 30 dias coçando o saco que essa grana vai cair na tua conta automaticamente.

É a mágica dos juros exorbitantes do nosso Brasil!

Se você fizer o mesmo com um T-Bond americano ou um Bund alemão, seu dinheiro fica literalmente parado e pode até diminuir!

Se liga nessa tabelinha marota que eu tirei lá do site Global Rates:

O Brasil é o único país da lista com juros de 2 dígitos.

Atrás do Brasil vem Indonésia, India e México… todo mundo na casa dos 6% ao ano.

Naquele mesmo debate do Fórum Liberdade e Democracia, o escritor Leandro Narloch sintetizou esse efeito dos juros com um clássico do Axé dos anos 1990 popularizado pelo grupo baiano As Meninas.

Quando o juro é alto desse jeito, o rico cada vez fica mais rico (rendimentos) e o pobre cada vez fica mais pobre (cartão de crédito, cheque especial e financiamento da Casas Bahia).

Cá entre nós, quem tem 1 milhão de reais não é rico aqui no Brasil. Um apartamento de 2 quartos fudido e velho na rua dos puteiros de Copacabana custa isso aí.

Na real, se você acha que ter 1 milhão de reais de patrimônio é ser rico, VOCÊ NUNCA VAI FICAR RICO DE VERDADE! 

Vamos dizer que o rico de verdade tem 100 milhões de patrimônio.

Agora imagina se ele colocar esses 100 milhões em CDBs e/ou títulos do governo rendendo SELIC de 12% ao ano?

Simplificando a conta de padeiro, a matemática dos ricos do Brasil é essa aqui:

100.000.000 * (12%/12 meses) = 1.000.000 / mês

1 milhão de reais por mês com risco-zero sem fazer porra nenhuma tá bom pra você?

Tudo bem que tem inflação no meio mas CONTINUA SENDO DINHEIRO PRA CARAMBA!

Com dinheiro pingando de maneira misteriosa graças a força poderosa das taxas de juros, aonde é que o filho-de-pai-rico vai encontrar motivação para fazer alguma coisa útil na vida?

E isso se aplica para o “rico de mentira”de 1 milhão e também para o “rico de verdade” de 100 milhões.

Será que ele vai aceitar trabalhar 8 horas por dia no primeiro emprego pós-faculdade em troca de 3mil reais e um vale-refeição?

É exatamente daí que vem um fantasma que atormenta boa parte dos meus leitores.

O ratinho nadador

Uma das principais funções do meu trabalho como escritor e “motivador da Geração Y brasileira” é simplesmente dar tapa na cara e chacoalhar jovens que dizem estar perdidos, deprimidos e sem perspectiva de vida.

Vou te contar que os casos mais sérios vêm dos tais filhos de pais ricos!

Para você ter ideia, conheço uma galera de RH em grandes empresas que não contrata gente que “nasceu em berço de ouro” simplesmente por causa da falta de dois fatores que andam de mãos dadas: senso de urgência e motivação.

Por que eu acho que o filho de pai rico está em desvantagem na parte psicológica?

Para responder essa pergunta, eu catei um experimento de psicologia positiva lá do ano de 1957 que eu aprendi no meu site de desenvolvimento pessoal favorito Philosophers’ Notes.

Um psicólogo PhD da Johns Hopkins University chamado Carl Richter botou vários ratinhos (sempre eles) para nadar em tanques de acrílico e separou essa galera em dois grupos.

Depois de se debaterem desesperadamente dentro d’água, os ratinhos do primeiro grupo simplesmente desistiam de nadar e morriam afogados em menos de 15 minutos.

Ok, previsível.

Afinal, roedores não têm guelras e não foram feitos para viver debaixo d’água.

A parte interessante do experimento veio quando o Dr. Richter colocou uma variável a mais na parada.

Ao invés de deixar o ratinho do segundo grupo se debatendo lá até morrer, ele resolver inovar um pouquinho.

Richter tirava o ratinho da água, secava ele e deixava ele descansando um pouquinho do lado de fora.

Depois de alguns minutos, Richter botava ele no tanque de volta.

Resultado? Ao invés de durarem 15 minutos como os ratinhos desesperados do primeiro grupo, eles duravam, em média, 60 horas dentro do tanque!

60 horas, caralho!

60 horas são 3600 minutos. Apenas 240 vezes mais do que os ratinhos da primeira parte do experimento.

Qual a diferença? O fator esperança!

Mas Raiam, qual é a sua definição de esperança?

Simples! Para mim, ter esperança é acreditar que o futuro vai ser melhor do que o presente.

O ratinho do segundo experimento simplesmente teve a oportunidade de ver que existe a possibilidade de um futuro melhor que o presente.

Ele estava ali nadando na água mas sabia que, a qualquer momento, o jogo podia virar para o lado dele.

Só isso aumentou a resistência dele em 240 vezes!

Agora vamos transportar esse conceito de esperança para o lado humano do negócio. De um lado da moeda, o discurso é o seguinte:

“Vou fazer de tudo para dar aos meus filhos o que meus pais não puderam me dar”

Vou te mandar a real: 100% das pessoas que trabalham com esse pensamento, realmente conseguem!

Olha a esperança aí gente!

Algumas das pessoas mais talentosas, determinadas e sangue-no-olho que eu conheço têm zero patrimônio familiar.

É por essas e outras que eu não tô preocupado com o filho-de-pai-pobre. Se ele souber usar o que o businessman afro-americano Daymond John chama de The Power of Broke, pode ter certeza que ninguém vai segurá-lo.

Do outro, o filho do pai rico parece ter o seguinte pensamento:

“Que merda! Nas condições atuais do país, mesmo se eu trabalhar duro, eu nunca foi conseguir construir o que meus pais e avós construíram”

Ao invés de “criar riqueza”, a preocupação do cara é “manter riqueza”.

Alguém lembra do que aconteceu com o filho que focou em “manter riqueza” naquela Parábola do Talento da Bíblia?

Touché!

Por causa disso, o filho de pai rico e acaba replicando o comportamento do ratinho do primeiro grupo.

Não, ele não morre.

Mas ele desiste de lutar.

Pelo menos para mim, desistir de lutar é uma morte pior do que a própria morte.

Em muitos casos, a única esperança na vida dessa galera tem a ver com a própria morte.

Pensa comigo: o cara não estuda e nem trabalha. Quando é que ele vai ganhar dinheiro?

Quando chegar a Hora H!

Hora H?

A hora da herança!

Vovô morreu? Papai morreu? Toma uns apartamentinhos e umas contas bancárias gordinhas pra você.

Entendeu por que eu dou valor aos filhos-de-pai rico que realmente botam a mão na massa?

 

Quem são eles?

São poucos… mas existem!

E a grande maioria deles tem uma característica bem peculiar em comum.

Agora chegou a hora de fazer uma distinção que eu nunca vi ninguém fazendo por aí:

PAI RICO x PAI EMPRESÁRIO.

Vamos voltar à história do Raul Dagir que eu apresentei no início desse post.

Em 2006, quando prestei vestibular para as faculdades americanas, a grande maioria dos brasileiros que passavam nas peneiras eram filhos-de-pai-multimilionário e tinham sobrenomes chiques estilo Bogoricin, Matarazzo e Chateaubriand.

Na minha época, o processo de vestibular para universidades tops como Harvard, Yale, Stanford e UPenn não era “need-blind”.

O que isso quer dizer?

Você preenche os formulários e, além de entregar suas notas para a universidade, você precisa mostrar os rendimentos de seus pais.

Por que isso?

Por que, na época de George Bush, o departamento de imigração dos EUA só emitia o visto de estudante para pessoas que provassem que tinham bala na agulha para se manter no país sem precisar trabalhar por fora (e tirar emprego de um americano).

Faz sentido, né?

Vale lembrar que, na época, a mensalidade da University of Pennsylvania custava entre 4 e 5mil dólares.

Eu dei sorte de entrar na faculdade em 2007, um dos primeiros anos dessa nova onda do need-blind. Hoje em dia, o negócio está completamente mudado.

Universidades top como Stanford, Harvard e MIT são need-blind e oferecem bolsas integrais para estudantes internacionais de alta performance, independente da condição financeira da família dele.

A única preocupação do jovem é passar na peneira. Passou? A universidade toma conta de você, da sua moradia, da sua alimentação e ainda te dá uma graninha de mesada para comprar uns panos e tomar um sorvete no fim de semana.

O melhor exemplo dessa tal Revolução Need Blind?

Duas palavras pra você: Gustavo Torres.

Leia essa matéria do Globo.com sobre a história de superação do Gustavo Torres que você vai entender por que hoje em dia são raríssimos os filhos-de-pai-rico que conseguem entrar nessas universidades tops dos Estados Unidos.

Ao invés de preencher a cota de brasileiros com Matarazzos, Braganças e Chateaubriands, as universidades americanas de elite têm trazido cada vez mais estudantes PHD com “perfil Gustavo Torres”.

PHD? Sigla para Poor, Hungry and Desperate to succeed!

Raul passou no vestibular de Stanford.

Não, ele não cresceu na favela, seus pais não ganham salário mínimo e seus amigos de infância não viraram traficantes do PCC.

Ué? Filho de pai rico!

Não, senhor!

Filho de pai empresário!

Qual a diferença?

Com 17 anos, Raul já tinha sido campeão brasileiro de matemática, física, astronomia, já falava inglês fluente, já tinha criado sites, já tinha criado sua própria empresa, já tinha gabaritado o TOEFL e a prova do ACT americano, etc.

Achei aquele “sangue no olho” muito raro para alguém que passou a vida em colégio de playboy.

Eu fiquei cabreiro e passei a entrevista inteira tentando descobrir da onde ele tirava tanta motivação para correr atrás das coisas, mesmo não vindo debaixo que nem o Gustavo Torres.

Tá ligado que, quando a gente é pequeno, nosso pai é nosso maior herói?

A resposta do Raul mudou a minha vida para sempre: liderança por exemplo.

O Raul viu seu pai arriscando.

O Raul viu seu pai se fudendo.

O Raul viu seu pai se endividando para fazer o negócio rodar e para manter a comida no prato dos funcionários.

O Raul viu seu pai se preocupando com capital de giro.

O Raul viu seu pai trabalhando fim de semana.

O Raul viu seu pai fazendo networking.

O Raul viu seu pai correndo atrás de informação.

O Raul viu seu pai buscando se aprimorar.

O que ele fez? Simplesmente modelou o “senso de urgência” de seu maior herói, acordou para vida cedo e correu atrás do sonho dele.

Parece fácil, né?

Sabe aquela ideia do “faça o que eu digo, não faça o que faço”?

Não funciona com o filho de ninguém! Ou você dá exemplo ou teu filho vai sofrer.

Quando você tiver um tempo, escuta a entrevista e presta atenção na maturidade do Raul na hora de responder as espetadas que eu dei nele.

Inteligência emocional típica de “filho de pai empresário”.

Isso me faz lembrar de um conceito comum nas biografias de Antônio Ermírio de Moraes (Grupo Votorantim) e Abilio Diniz (Grupo Pão de Açúcar).

Quer trabalhar na empresa da família? Beleza! Arruma um emprego no mundo real, se prova lá fora e mostra resultados. Mostrou? Aí sim que a gente arruma algo pra você aqui dentro. Enquanto isso, TE VIRA MALANDRO!

 

Filho de funcionário público

O outro lado da moeda vem do “pai rico” funcionário, especialmente o funcionário público de cargos mais altos.

O que eu quero dizer com isso?

Vou dar um exemplo bem simples: o “Efeito Dia 1”.  

Como é que você ensina “senso de urgência” para seu filho se todo dia 1 tem um salário gordo pingando semi-automaticamente na sua conta.

Como funcionário público, se você der 100% de si ou 10% de si, o resultado é o mesmo: o salário tá sempre pingando no Dia 1… e vai pingar para sempre.

Preocupação zero! É só cumprir tabela e pronto!

O caso do pai empresário é exatamente o oposto.

Virou o mês? Fudeu!

Tem que pagar salário da galera toda, tem que pagar aquela sopa de letrinha de impostos e ainda tem que pagar os fornecedores.

Na grande maioria dos casos, o pai-empresário já começa o mês no negativo e precisa se auto-motivar para reverter a situação.

Isso sem falar nos meses que o cara trabalha, trabalha, trabalha… e acaba perdendo dinheiro.

Acho que a principal diferença está exatamente aí já que esse último efeito NUNCA acontece na vida do pai-rico-funcionário.

O patrão pode atrasar pagamento… mas perder dinheiro depois de um mês inteiro de trabalho é muito raro para o pai-rico-funcionário.

Qual dos dois é melhor?

Sei lá! Não tenho capacidade para opinar.

Na real, tenho sim.

Para o indivíduo, ter um salário gordo e previsível pingando todo mês é sempre melhor do que viver naquela incerteza do empresário.

Se você pensa nas próximas gerações, eu coloco a minha mão no fogo para dizer que o filho do pai empresário está muito melhor posicionado.

Pergunta quantos filhos de funcionário público que eu conheço que obtiveram sucesso profissional longe da máquina estatal?

Acho que nenhum.

O pai tá com a vida ganha… salário alto… aposentadoria integral e vitalícia, né?

Salvo raras exceções, ou o cara vira funcionário público igual o pai…

…ou ele entra naquele dilema do primeiro ratinho coçando o saco, vivendo de mesada e tomando anti-depressivo.

Acaba sendo um ciclo meio feio, né?

O contribuinte sustenta o estado –> o Estado sustenta o funcionário público –> o funcionário público sustenta o filho vagabundo

E o filho vagabundo sustenta o quê? Porra nenhuma! Só o tráfico, né?

Conheço vários filhos de funcionários públicos que estão por aí vagabundeando, usando drogas e sendo bancados pelos pais.

 

Cara… experiência própria… viver à sombra dos pais é um negócio ruim pra caramba para a nossa auto-estima.

Especialmente com a crise econômica, com a falta de oportunidades, com esse choque de gerações e com o valor quase nulo daquele diploma universitário que eles disseram que ia mudar as nossas vidas.

Quem nunca ouviu algo como:

“Na tua idade, eu já tinha filho, carro e casa própria”

Eu tenho 26 e só fui aprender o valor do dinheiro e do trabalho duro aos 24 anos.

Sim, tarde pra caramba!

Numa janela de 30 dias, eu fui expulso de casa pelo meu próprio pai e, pouco tempo depois, perdi toda grana que eu havia juntado naquele meu emprego em Nova York.

Num estalar de dedos, eu fui de 6 dígitos para ZERO num trade mal-executado de derivativos (mais sobre essa história no post COMO EU DEIXEI DE SER VAGABUNDO).

Até ali, o dinheiro caía do céu de maneira semi-automática.

Até os 17, era a mesada.

Dos 17 aos 20, era a bolsa de estudos.

Depois dos 20, era o salário no banco.

Mas a previsibilidade era mais ou menos a mesma: eu tinha uma função específica para fazer, dedicava minhas horas àquilo e recebia uma cenourinha em forma de salário igual o burro da foto.

Estável e previsível… não saía muito daquilo ali.

Vale lembrar que eu não tô pregando o empreendedorismo-colorido-fantasia estilo palestra motivacional de Bel Pesce.

Não é para qualquer um e não tem nada colorido em ter um CNPJ. Especialmente no Brasil.

Quer um exemplo?

Hoje é dia 2 de março.

Virou o mês na quarta-feira de cinzas e eu já comecei com uns 5mil reais negativos.

Gastou muito no Carnaval, né seu fanfarrão?

Que nada! Esses gastos vêm de aluguel do escritório, funcionário, servidor do site, hosting dos podcasts, Mailchimp, contador, impostos, conta de anúncios do Facebook, etc.

O que eu vou fazer? Correr atrás, né?

Vou vender meus 7 livros, vou escrever novos livros, vou fechar palestras, vou trazer mais alunos para o Projeto Wall Street, vou trazer mais clientes de mentoria, vou criar novos cursos online, vou promover os anunciantes do meu site até cobrir esses 5mil reais.

Depois disso, o que vier é lucro…. literalmente.

Se eu ficar de braços cruzados, eu tô fudido. Afinal, o dia 1o de abril é daqui a 29 dias.

Se eu der menos de 100%, tô mais fudido ainda!

Começando no negativo, você ativa aquele senso de urgência que é tão importante para a saúde mental do ser humano… especialmente se você é uma pessoa competitiva como eu.

A mentalidade é a seguinte: comecei no prejuízo mas sei que, se eu me esforçar, eu consigo reverter essa parada.

Olha o “fator esperança” do experimento do Dr. Carl Richter aí de novo!

Salve ratinho!

 

Meu sonho

Eu nunca escondi que meu maior sonho de vida é ser pai de um menino.

Já realizei praticamente todos os sonhos que eu tive… agora só falta esse.

Apesar de cair naquela categoria de pai-rico-funcionário-público, meu pai continua sendo meu maior herói.

E pode ter certeza que eu vou replicar todas as estratégias que ele usou na minha criação:

A disciplina militar…

A competitividade…

A visão de mundo…

A importância do esporte e da matemática…

A rigidez…

A voz grossa…

O respeito…

O Soul Music…

… e até a mão pesada.

Dito isso, eu adicionaria um elementozinho a mais que eu aprendi com os pais-empresários que eu conheci por aí ao longo dos anos.

Afinal, sou meio frouxo e continuo lutando diariamente contra aquela preguiça e falta de perspectiva típica dos filhos de pais ricos.

Às vezes, eu fico meio down pensando que nunca vou superar meus pais em termos de carreira, ativos e patrimônio líquido. Te garanto que eu não estou sozinho nessa.

Se eu tivesse um emprego público, eu estaria muito mais tranquilo por causa do “Efeito Dia 1”. 

Só que eu quero ter filho né?  Muito além disso, eu quero dar um bom exemplo pra ele.

Se eu não liderar pelo exemplo desde o primeiro momento, vou acabar botando mais um vagabundo-preguiçoso-zé-droguinha no mundo.

Tá cheio de jovem assim já, né? Chega, caralho!

Mas aí, qual é o elemento?

Provando pro meu filho que dinheiro não cai do céu e que estabilidade é um mito que acabou na geração passada.

Agora larga esse celular e vai criar um pouco de senso de urgência na tua vida.

Valeu falows!

~Raiam

P.S: Alguém aí se identifica com o dilema do filho de pai rico e tem algo a adicionar? Comenta aí ou, se preferir proteger a identidade, me manda um email no [email protected]

P.S2: Gostou da leitura? Me dá uma moral comprando um dos meus 7 livros nesse link do Amazon?

raiam santos