Se eu pudesse dar uma dica para a galera que está em fase pré-vestibular, essa dica seria NÃO FAÇA JORNALISMO!
Ontem, dei de cara com uma notícia meio chocante.
A Bandeirantes anunciou que vai cancelar três programas e demitir mais de 50 funcionarios no Rio de Janeiro, incluindo o apresentador Fabio Barreto e comentaristas respeitados como Pedrinho e Djalminha.
Clique aqui para ler a matéria inteira.
Apesar de ter me formado em economia, fui louco o suficiente para me aventurar no ramo como comentarista freelancer em dois canais esportivos.
Para quem vê de fora, trabalhar na televisão e aparecer bonitinho para milhões de pessoas Brasil afora parece luxo, ainda mais hoje em dia com toda essa cultura de ostentação.
A verdade é que o sonho de 9 entre 10 brasileiros é ser famoso, aparecer na TV e ter vários seguidores no Instagram.
Vou confessar que eu tava nessa vibe aí também.
O negocio tava tão serio que cheguei a cogitar até a me inscrever no Big Brother.
E não era pelo dinheiro.
Dinheiro eu já tinha.
Trabalhei alguns anos em um banco de investimento em Nova York e consegui construir um pé de meia legal, graças a Deus.
Era pela fama mesmo.
Acreditava que, com a fama, seria reconhecido nas ruas, conseguiria pegar um monte de mulher gata e seria uma pessoa mais feliz. Vai vendo… dá até vergonha alheia, né?
Queria aquilo tanto, mas tanto que, mesmo sem diploma de jornalismo e sem experiência nenhuma na frente das câmeras, acionei alguns contatos que tinha no ramo e cavei uma vaga de apresentador e comentarista.
Enquanto a maioria dos jornalistas passa 4 anos na faculdade e mais alguns anos no “back-office” antes de ter sua chance na frente das câmeras, fui da rua para a rede nacional em menos de 1 semana.
Claro que teve gente que não concordava com aquilo.
Afinal, não era formado em comunicação e furei a fila na frente de um monte de cara “credenciado”.
Além disso, meus pais eram totalmente contra aquela “aventura” que eu tinha me enfiado.
Tão contra que, das mais de 50 transmissões e programas que participei, eles devem ter me assistido em no máximo duas.
No começo era só alegria.
Só de participar de uma transmissão, ganhei uns 5 mil seguidores no Twitter.
Mas aos poucos fui vendo que o buraco era mais embaixo.
Vi muita gente “famosa” com 10+ anos de carreira, que aparece na TV e que bate ponto 7 dias por semana para ganhar um pouco mais do que salario mínimo.
Tem que ter muita paixão pela profissão, cara!
Conhecia empregadas domésticas que tiravam mais do que aquela galera famosa ali, sem precisar fazer faculdade e trabalhar fins de semana e feriados.
Para você ter uma ideia, quando fui para uma emissora “maior” em São Paulo, ganhava um cachê de R$300 por participação.
Juntando pesquisa pré-jogo, maquiagem, briefing e a própria transmissão, investia umas 8 horas do meu precioso tempo em troca dos R$300.
Moro no Rio e tinha que me deslocar para São Paulo para participar das transmissões.
A passagem ida e volta de avião no fim de semana saía por mais de R$500. Aí já viu, né?!
Resolvi ir e voltar pela rodoviária mesmo.
Ida e volta de busão sai por uns 300 reais, sem contar a alimentação e o transporte da rodoviária para a emissora.
Sim, estava pagando pra trabalhar.
E ainda fui escrachado e zoado nas redes sociais depois que fui “demitido”.
Colocaram minha foto na capa da Folha de São Paulo e ainda disseram que fui demitido por causa de uma piadinha Rio São Paulo (e olha que eu nem era funcionário da empresa).
Te garanto que não era o único que “pagava” para trabalhar.
Uma coisa que eu aprendi no primeiro período de economia e vou levar pro resto da minha vida é a lei da oferta e da procura. Ela funciona pra tudo.
A procura por vagas “on-camera” em grandes emissoras é tão grande (todo mundo quer ser famoso) e a oferta para essas vagas de fama e ostentação é tão limitada que o preço do profissional acaba caindo dramaticamente.
Não vou entrar em detalhes mas o cara mais foda da emissora, com décadas de experiencia em TV, varios prêmios de jornalismo e centenas de milhares de seguidores no Twitter, ganhava menos do que eu ganhava no meu primeiro emprego.
E se a emissora achar que o salário dele é muito alto, sabe o que eles fazem?
Demitem e contratam um cara ganhando 5 vezes menos (que sairia no lucro, pois ele com certeza trabalharia de graça para ter aquela vaga ali).
Aí pergunta como é que eu vou projetar um futuro ou uma carreira nesse meio?
Quero dar uma boa condição aos meus filhos e para a minha esposa no futuro.
E é daí pra pior.
Quem paga os salários dos profissionais de jornalismo?
Não é o consumidor e sim os anunciantes.
E eles pouco a pouco vão concluindo que anunciar na TV e nos jornais não tem a mesma efetividade que antigamente.
Se liga nesse gráfico aí: cada vez menos pessoas estão consumido a mídia TV e se transferindo para as mídias digitais.
Eu mesmo não lembro da última vez que comprei um jornal.
E também não conheço ninguém que tenha uma assinatura de revista.
Internet é muito mais barata, mais cômoda e mais rápida.
E, para gerar conteúdo e atrair anunciantes pela internet, VOCÊ NÃO PRECISA DE DIPLOMA DE JORNALISMO!!!!!
Você nunca percebeu que as emissoras têm cada vez mais colocado anúncios de outros programas da casa?
Em muitos casos, eles fazem isso para preencher as lacunas de comerciais não-vendidos para puxar o público para assistir os programas que já têm patrocinadores.
Sem falar que a nossa geração quase não assiste TV e prefere passar o tempo em outras mídias como YouTube, Hulu e Netflix.
E não é só a nossa geração não.
Ou vocês não ficaram sabendo da propaganda grátis que o mestre Silvio Santos fez para o Netflix, dizendo que ele mesmo não assistia televisão e preferia assistir series online? Não viu, clique aqui.
Nos EUA, 26% dos clientes das operadoras de TV pedem o serviço “Internet-Only”.
E esse número não para de crescer.
As pessoas não estão mais a fim de pagar TV a cabo porque simplesmente não assistem mais. Fico curioso para saber desses números aqui no mercado doméstico.
O que os anunciantes fazem?
Pegam o budget que eles gastariam comprando anúncios na TV e gastam com mobile ads no Google e no Facebook, cujas taxas de conversão são muito mais altas que a TV.
Eu mesmo tenho uma empresa.
E tenho um orçamento de marketing para gastar em anúncios.
Para mim, não faz sentido nenhum comprar anuncio na TV nem no jornal.
Primeiro que é caro demais, segundo que eu não posso fazer nem “targeting” nem “segmentation”.
Pelo Google Ads, eu gasto pouco e posso especificar o meu público alvo.
Tipo: jovens de 18 a 23 anos que moram em um raio de 15 km do Leblon, fazem faculdade pública, têm um smartphone sistema operacional Android e curtem futebol americano. Boom!
Nos Estados Unidos, as mídias digitais já ultrapassaram as mídias tradicionais em termos de $ e não estamos muito longe disso no Brasil.
Tem um artigo no Slate que resume muito bem esse apocalipse do jornalismo tradicional.
Se você manja do Inglês, recomendo 100% a leitura.
Resultado: os jornais fecham (lembram do Jornal do Brasil e do Jornal dos Sports?) e as grandes TVs, como a propria Band, demitem gente pra caramba…
“
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Essa geração mais velha morrendo, a tendencia é que a TV e principalmente a TV aberta perca cada vez mais a força. A variedade de programas, opção de horário e outras milhões vantagens que a Internet oferece vão acabar diminuindo mt o espaço TV. É questão de tempo até a TV perder a importância cultural que tem hj em dia, a tendencia é cada vez mais a internet ser o centro de tudo e “ditar moda”, quem não se adaptar a isso vai ficar para trás, acho que não será mais um modelo de negócios rentável. Para os formados em jornalismo, acredito que resta, trabalhar para as mídias digitais ou ser assessor de imprensa e outras atividades relacionadas, pq o mercado de TV, radio, jornais e revistas, nos modelos tradicionais, só tende a diminuir.
Muito bom texto!!
Curti
Infelizmente um dos efeitos colaterais é a dependência cada vez maior das verbas estatais, transformando as emissoras em simples órgãos de propaganda estatal.