Los Angeles: the City of Angels
Estou em Los Angeles visitando a família que me adotou durante meu intercâmbio de high school.
Para quem não sabe, me mudei para os Estados Unidos com 15 anos de idade e só voltei para casa com quase 24.
Pelo menos uma vez por ano, volto para o Sul da Califórnia para recarregar as energias, rever os amigos da época do intercâmbio e fazer umas comprinhas.
Dessa vez, deixei essa última parte de lado por razões óbvias.
Aliás, das mais de 30 vezes que eu vim para os Estados Unidos, essa foi a única vez que NINGUÉM ME PEDIU PARA TRAZER MUAMBA!
Multiplicando tudo por quatro
Sabe aquelas pessoas que vão para a Disney e voltam dos Estados Unidos com aquele papo de que tudo lá é mais barato?
…e chegam na reunião de família mostrando fotos da viagem e ostentando todas as muambas que compraram nos outlets de Orlando?
…e saem enumerando o preço de cada muamba e comparando com o Brasil?
Nossa! Comprei uma camisa da Abercrombie. Aqui no Brasil custa R$300 reais. Lá eu encontrei por 20 dólares! Lá é realmente tudo mais barato!
Óhhhhhhhh!
Tudo isso para deixar o familiar com inveja de não ter ido para os EUA.
Calma que eu já fui um deles.
Aliás, o primeiro negócio que fundei foi um trading de muambas.
Sim, era semi-clandestino, não pagava impostos e nem tinha CNPJ.
Tinha 16 anos e trazia camisas de times da NFL, NBA e tênis da Jordan para a galera do Rio.
Empreendedor nato!
Com 16 anos em 2006, qualquer 100 reais era uma fortuna.
A grana que eu fazia com aquelas malas cheias de muamba que eu trazia dos States me fazia sentir um jovem milionário.
O business faliu por um problema muito comum com várias companhias B2B do Brasil atual.
(para a galera que não é dos negócios, segue uma simples explicação das siglas:
B2B significa business to business = uma empresa cujo cliente final são outras empresas.
B2C significa business to consumer = quando o cliente final é o consumidor povão)
Coloca nesse bolo aí a Sete Brasil, a OSX, e quase todas as grandes empreiteiras que a gente ouve falar no Jornal Nacional.
O nome do problema? Concentração de clientes.
Quando você tem um cliente que representa grande parte da tua receita, você está com uma bomba relógio na mão.
O risco é enorme!
O único cliente da Sete Brasil era a Petrobrás. A Petrobrás foi pro saco aí já viu né?
E quem era o principal cliente das empreiteiras? O governo brasileiro….
No meu caso, eu tinha um cliente que representava 80% das minhas vendas: meu primo.
Ele ficou pobre e parou de comprar minhas muambas.
Na época, eu tava muito focado no futebol americano e no vestibular para as universidades americanas que acabei “fechando as portas”.
Hoje em dia, a coisa tá feia para os muambeiros.
E pros turistas também!
Papo reto, se tu for daqueles que fazem contas para “pensar em real” quando viajam, nem saia do Brasil!
Você vai se sentir pobre e ficar um pouco deprimido.
Vai matar toda a graça da viagem porque as paradas estão caras mesmo!
Até a porra da gasolina!
E olha que o petróleo WTI está em queda livre nas bolsas mundiais.
No pregão de hoje, o West Texas Intermediate (que é o principal índice para precificar o barril do petróleo no hemisfério de cá do mundo) fechou em US$44.
Quando eu era muleque, eu me lembro de um verão que o barril do petróleo bateu US$140.
Em resposta, as famílias americanas deixaram de viajar por causa do preço do combustível.
Foi nessa época aí que as companhias aéreas americanas foram pro saco (e, se eu não me engano, a nossa querida Varig também).
Outra consequência da explosão do preço do petróleo nos meados da década de 2000 foi a substituição dos “muscle cars” americanos por carros menos beberrões.
Foi nessa época aí que o termo “fuel-efficient” caiu na boca do povo e o Toyota Prius virou moda.
Hoje em dia, mesmo com combustível barato, não vejo mais tantos Hummers e Escalades como via antigamente nas freeways da Califórnia.
Sim, meus amigos… a gasolina do posto BR que todo mundo reclama está mais barata do que nos Estados Unidos.
(Para os economistas de plantão, vou abrir o parêntese e lembrar que eu tô falando de câmbio absoluto à R$4 x US$1.
Se for falar em PPP partindo do princípio de que $1 para o americano é igual a R$1 para o brasileiro, aí o negócio complica mais.)
Hoje mesmo, fui usar a internet do Starbucks e decidi pedir um simples Frapuccino.
Pra quê?
A parada me custou US$7,35.
Fazendo a conta pelo dólar turismo das casas de câmbio de Copacabana (R$4,50 = US$1), um café batido com leite e gelo me custou R$33,00.
$URREAL!
E os caras ainda erraram meu nome (sou cliente SBUX há uns 10 anos e ainda estou esperando o dia que um barista vai escrever RAIAM certo)
O Leblon e o Itaim não são tão caros assim
Agora pára de reclamar dos preços do Leblon e do Itaim.
A alta do dólar só nos levou de volta para a normalidade.
Isso me lembrou do livro Breakout Nations: In Pursuit of the Next Economic Miracles, do estrategista de mercados emergentes do banco Morgan Stanley Ruchir Sharma.
(Se você gosta de macroeconomia, de mercados emergentes e de comparar países, vale a pena dar uma lida. Esse Breakout Nations foi um dos melhores livros que já li na vida.
Clique aqui para comprar o Breakout Nations no Amazon.
O livro foi lançado em 2011 e, lá atrás, o Sharma alertou sobre a bolha de “oba-oba” que o Brasil vivia.
E não precisou ir muito longe.
O principal exemplo apresentado por ele: a caipirinha do Copacabana Palace.
Ele reclama que pagou o equivalente a US$32 por uma simples caipirinha.
Isso naquela época do auge do pré-sal/Eike Batista/superciclo de commodities.
Uma das frases mais marcantes do livro do Ruchir Sharma ia mais ou menos assim:
“Quando as coisas no país emergente parecem ser mais caras do que no mundo desenvolvido, apertem os cintos porque há algo errado”.
Eu mesmo surfei essa bolha legal.
No meu primeiro emprego, ganhava o equivalente a 40mil reais mensais com o câmbio de hoje.
Tinha 21 anos.
Caramba, Raiam?! Você era jogador profissional de alguma coisa?
Não!
Era pago para fazer planilhas de Excel e decorar apresentações de PowerPoint.
Era época de vacas gordas dos BRICs e os grandes bancos de Wall Street precisavam de gente com três skills diferenciados:
1) Conhecimento de finanças, macro & valuation
2) Visto americano
3) Fluência em português
(aguarde meu próximo livro Wall Street que eu conto melhor essa história)
Se eu ganhava isso tudo com 0 anos de experiência, imagina quanto meu chefe não botava no bolso?
A bolha passou. O Eike Batista quebrou. Eu perdi meu emprego em Wall Street.
E os BRICs viraram um “I” só.
Só a Índia tá se salvando.
Um dia, eu escrevo aqui no blog sobre o que os indianos estão fazendo certo e porque o presidente Narendra Modi é um cara pica das galáxias.
Se for para analisar a atual situação do câmbio USD/BRL pela frase do Ruchir Sharma, dá pra ver que as coisas só voltaram ao normal: produtos e serviços mais caros no mundo desenvolvido.
Tua fé te salvou
Lembra no post do Stuhlberger que eu falei sobre a fé do Raiam-adolescente na hora de fazer vestibular para as universidades mais caras e mais difíceis dos Estados Unidos?
Passei o mês de agosto quase que inteiro lendo livros do psicólogo, pastor e palestrante irlandês Joseph Murphy sobre o poder do subconsciente e comecei a colocar em prática um hábito: a meditação.
No hack #47 do meu livro Hackeando Tudo, eu conto da dificuldade que eu sempre tive para meditar.
Isso porque minha mãe e meu pai me enchiam o saco com isso a infância inteira (minha mãe é professora de Yoga e dá aulas de meditação… casa de ferreiro, espeto de pau).
Aí veio o Joseph Murphy.
Ao invés de repetir mentalmente aquelas palavras indianas que eu nem sei o que significa, segui a recomendação do Joseph Murphy para mentalizar duas palavras:
WEALTH & SUCCESS
Essa parada da mente subconsciente é muito forte, cara.
Mudou minha vida.
Parei de me auto-boicotar e pedi demissão de um emprego que estava me deixando cada vez mais desmotivado.
Com isso, comecei a atrair coisas muito positivas na minha vida.
Pega pra ler o livro O Poder da Mente Subconsciente do Joseph Murphy e você vai entender do que se trata.
O livro Segredos da Mente Milionária do T. Harv Eker também é muito bom e tem uma pegada muito parecida.
Mas o Joseph Murphy barra o Eker porque ele foi pioneiro: escreveu tudo aquilo em 1963.
Aí beleza, voltamos para 2015.
Hoje eu acordei 5 da manhã (hack #34 do meu livro Hackeando Tudo), escrevi meu diário de gratidão (hack #45), fiz meu workout matinal (hack #31) e respondi alguns emails de leitores.
Tudo isso antes das 7 da manhã.
Daí eu fui caminhar por Downtown Los Angeles para visitar a Olvera Street (hack #38).
(Esse hábito aí de caminhar eu herdei do meu guru, amigo virtual e maior exemplo na nova profissão Paulo Coelho)
A Olvera Street é uma rua de pedras no centro de Los Angeles com várias casinhas rústicas de estilo mexicano e várias barraquinhas de souvenirs do México.
Foi ali que nasceu a cidade de Los Angeles.
Aproveitei para comer uns tacos de 1$ e um tostilocos (uma salada de frutas com melão, abacaxi e manga… carne de porco, cebola, molho picante, tomate, pepino, cebola e doritos).
Na volta, fui abordado por duas senhorinhas de olhos puxados.
Elas não falavam inglês direito e estavam claramente perdidas por ali.
Elas me perguntaram onde era a South Grand Street, mais precisamente o consulado japonês.
Eu não tinha a mínima idéia.
Se fosse o Raiam da época de Wall Street, eu teria dito “sorry” e continuado minha caminhada de volta pra casa.
Só que, atualmente, eu tenho uma meta diária de ajudar pelo menos uma pessoa… todo santo dia (hack #62).
Ajude uma pessoa por dia
Esse hack eu herdei do meu avô Gonçalo.
Meu avô veio lá dos cafundós do Ceará para tentar a vida no Rio de Janeiro e foi garçom durante muitos anos nos melhores restaurantes de Copacabana.
Ele adora contar histórias sobre todas as celebridades que ele já serviu lá pelos idos dos anos 1950 e 1960: Tom Jobim, Charles de Gaulle, Brigitte Bardot, etc.
Tenho a plena certeza que ele era um garçom muito pica.
Isso porque ele saiu do Ceará de pau-de-arara, conseguiu bancar 5 filhos e construiu sua casa em Bonsucesso com o dinheiro das gorjetas dos clientes high-profile.
(Meus avós ficam putos quando eu falo nas palestras que eles moram no Complexo do Alemão, mas toda vez que eu vou dar check-in lá aparece “Teleférico do Complexo do Alemão”. Na verdade, eles moram entre Bonsucesso, Higienópolis e Itararé, na parte debaixo do morro do Alemão… tecnicamente não é favela)
Meu avô sempre pregou o seguinte:
Ajude as pessoas pelo simples fato de ajudar, sem pedir nada em troca.
Transformei isso em hábito diário e coloquei lá no meu livro.
Daí veio a segunda geração: meu tio Claúdio é o melhor taxista do Rio de Janeiro.
A filosofia dele é a mesma do meu avô.
E o customer service está no sangue.
Toda vez que eu pego um taxi, eu pergunto pro motorista como é que estão as corridas. As respostas mais comuns:
“O Uber tá matando nós”.
“O movimento tá fraco… tem muito carro na rua pra pouco passageiro”.
“A crise pegou a gente. As empresas pararam de gastar”.
“Não tem mais turista no aeroporto e eu só tô pegando corridinha merda”
Daí eu vou lá e faço a mesma pergunta para meu tio Cláudio.
Ele me responde mostrando um bolinho de dinheiro e dizendo em tom bem tranqüilo e sereno:
Porra, eu sou o melhor taxista do Rio de Janeiro.
E pior que deve ser mesmo!
A verdade é que, mesmo com a crise e com a competição do Uber, meu tio tá batendo recorde pessoal atrás de recorde pessoal.
Por quê?
Porque ele sempre atrai os melhores clientes e faz uma grana top com as gorjetas.
Qual é o segredo?
1) Ele acredita que é top (Joseph Murphy, já falei dele aqui)
2) Customer service!
Tá no DNA dele ajudar as pessoas.
Ele realmente faz tudo pelos clientes!
Trabalha de roupa social, foge do trânsito, pega os melhores atalhos, pratica direção defensiva, usa Waze, serve água, balinha tic-tac, desenrola no inglês, no espanhol, lava o carro todo dia e tá sempre de sorriso no rosto querendo ajudar.
Lei da atração!
E as senhorinhas japonesas?
Incorporei o Tio Cláudio nas ruas de Los Angeles.
Falei para as senhoras que não sabia aonde era a tal da South Grand Street mas podia ajudá-las com o Google Maps do meu telefone.
O que eu fiz?
Tirei o celular do bolso, abri o Google Maps, caminhei com elas por Downtown.
Quando tava na faculdade, tinha uma peguete japonesa de Tóquio que me ensinou umas paradas.
Gastei um pouco do meu japonês, falei sobre o Zico e até sobre o É o Tchan no Japão!
Nesse meio termo, percebi que o Google Maps tava errado.
Ele nos levou por um viaduto onde só passavam carros.
Dei a volta no quarteirão e deixei elas na boca do gol.
Uma das senhorinhas devia ter uns 80 anos de idade mas agüentou os 2km de caminhada sob o sol de 40 graus do deserto Californiano.
Mandei um “ARIGATÔ GOZAIMASU” e um “SAYONARA.
Ela veio agradecer apertando a minha mão …
… e colocou uma nota de 20 dólares ali!
Caraca, 20 dólares é mais de 80 reais!!!!
Me senti como se tivesse ganhado na Mega Sena e mandei whatsapp na mesma hora para o rei das gorgetas: meu tio Cláudio.
Lei da atração?
Te trouxe até o final do post para dizer o seguinte: mesmo que você não compre meu livro, coloque o hack #62 em prática diariamente e ajude uma pessoa sem a intenção de querer nada em troca.
Tamo junto!
Curtiu o post? Então chega lá na minha lista de email!
Curtiu mesmo? Então tu vai se amarrar nos meus livros. Tenho dois publicados e o terceiro será lançado em breve.
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Adorei a leitura. Gostaria que fosse mais constante!
Grande Helio! Tô escrevendo um livro… quando terminar, eu dou um gás maior nos posts aqui do blog! Grande abraço
Muito bom bro ! Excelente post !
Bom texto, Raiam!
Poderiam ser mais frequentes, e você já pensou em ter o seu próprio app? Eu compraria amarradão!
Abcs
Show Man, muito bom seus textos, um dia vou passear pelos EUA, doido pra conhecer, quanto ao Joseph Murphy, sou fã também cara, me ajudou muito, sempre estou lendo os livros dele, tenho uns 10, e o segredo da mente milionária já li e reli, muito bom o poder da mente, tenho ate uma piramide para meditação =]
Essa filosfia comportamental de ajuda ao próximo e pensamentos positivos transforma a vida.
Indico a todos a assistirem esses video de Napoleon Hil ,que for treinado por Dale Carneige (paide toda essa teoria que falei anteriormente) > https://www.youtube.com/watch?v=PU44Be9jN5Y
Show de bola! Keep on writting…