Como já escrevi no post Conferência ENE [Parte 1] : A Cultura 3G e o legado de Jorge Paulo Lemann, fui para São Paulo para participar da Conferência ENE.
Se estiver com preguiça de abrir o link do artigo passado, vou resumir a tal CONFERÊNCIA ENE em um parágrafo:
Jorge Paulo Lehman e seus comparsas criaram um evento para conectar os jovens mais brilhantes do Brasil entre si e com as maiores empresas do país. Indiretamente, ele quis promover as empresas de seu portfolio como Ambev, Burger King, Kraft-Heinz e trazer gente foda para trabalhar com ele.
Foram 16mil candidatos e 500 selecionados.
Já estava muito feliz por ter sido escolhido entre os 500.
Papo reto.
Só que, pouco menos de uma semana antes da conferência começar, olhei minha caixa de spams e vi um email melhor ainda.
O email dizia que eu havia sido um dos 100 jovens selecionados para fazer o PITCH ENE e que eu deveria chegar em São Paulo 2 dias antes da conferência para fazer o workshop preparatório para o tal pitch.
Caralho que top!
Esse email caiu na quinta feira à noite e o workshop aconteceria no sábado no auditório do BTG Pactual na Faria Lima.
Cagou a logística pra todo mundo.
SANTA RODOVIÁRIA
Há exatamente um ano atrás, era assíduo freqüentador das rodoviárias Novo Rio e Tietê.
“Trabalhava” de comentarista de futebol americano na ESPN.
Botei o verbo entre aspas porque era freelancer na emissora e a grana que o canal me pagava não dava para me bancar sozinho em São Paulo.
Por isso, eu morava com os meus pais no Rio e pegava o 1001 da madrugada.
(Quer saber porque a TV paga mal? Dá uma olhada no post Não faça vestibular para jornalismo!)
Dormia no ônibus, acordava na Rodoviária Tietê e fazia hora no Starbucks da Paulista até dar a hora de partir para a emissora e falar minhas baboseiras na TV.
Tudo bem que os caras da ENE vacilaram de avisar em cima da hora sobre esse workshop pré-conferência.
Mas pô, se eu me contorcia todo para ir para São Paulo comentar jogo de futebol americano na TV, é claro que valia a pena fazer uma forcinha e chegar em São Paulo no sábado.
O pior que ia acontecer é sair do tal evento com um networking foda!
Tava curioso para saber o que fez a banca julgadora escolher os outros 99 caras para fazer o pitch.
Gosto muito de me relacionar com pessoas fodas então um evento desse era um prato cheio.
Pedi o sofá para meus primos Douglas e Andreá que moram em Cerqueira César e fui pra São Paulo de madrugada.
O QUE É O PITCH?
O que você faria se você tivesse dois minutos para convencer alguém a te contratar?
E se esse alguém fosse um executivo de uma puta empresa?
Agora multiplica isso por 40.
No tal Pitch ENE, os organizadores do evento te jogam numa sala com umas 40 pessoas de terno e gravata.
Todos executivos de empresas como Ambev, Facebook, Google, BTG Pactual, Itaú BBA, Pearson, Kraft-Heinz, Burger King, etc.
Dá para identificar algumas carinhas importantes na “platéia” mas você não tem muito tempo para isso.
Por dois minutos, quem está em evidência é você e não o cara que volta e meia aparece na capa da Revista Exame.
Brabo!
Daí acionam o cronômetro regressivo.
Disciplina americana mesmo.
Passou os dois minutos, já era!
Cortam teu microfone e te empurram para fora da sala.
O pitch é isso aí: dois minutos para brilhar.
Mas para brilhar em dois minutos, TEM UMA VIDA INTEIRA DE PREPARAÇÃO.
O TOP 100 DA CONFERÊNCIA ENE
Cheguei no BTG Pactual um pouco depois das 8 da manhã e parti para o auditório.
Caramba, que prédio sinistro!
Em dois anos trabalhando em Nova York e viajando freqüentemente a trabalho para Canary Wharf em Londres, ainda não tinha entrado num prédio tão moderno e tão foda quanto aquele.
Pouco a pouco, o auditório ia enchendo.
Dos 100 que haviam sido convidados, já tinham uns 70 lá dentro.
Eu era o único negro.
Pode parecer um pouco racista da minha parte (foda-se) mas eu dou muita importância a isso.
Talvez porque cresci nos Estados Unidos e essa discussão sempre foi muito aberta por lá.
A família que me adotou nos EUA era afroamericana e havia sofrido muito com o preconceito da era pré-Martin Luther King, principalmente quando eram adolescentes nos anos 1950 e 1960.
Meu pai americano superou isso, saiu de Detroit, estudou pra caramba e hoje é um executivo super bem sucedido em Los Angeles.
Mas ele tem várias histórias muito fodas da época da segregação racial nos EUA.
Daí eu meio que herdei um pouco da indignação deles.
Caramba… 16mil candidatos e não é possível ter apenas um negro no top100.
Aos 45 do segundo tempo, entrou um muleque que parecia muito comigo. Só que uns 15 centímetros mais baixinho que eu.
Parecia até no jeito de ser: muleque ousado, extrovertido, fala alto pra caramba e gosta de ser o centro das atenções.
O nome da fera é Felipe Pereira e o chamei para sentar ao meu lado.
O FELIPE É SINISTRO!
Se você acha que eu tenho história de vida, você tem que conhecer esse muleque.
O muleque é de família pobre em Salvador.
Foi campeão brasileiro de matemática e física no Ensino Médio.
Viajou o mundo representando o Brasil em competições internacionais de matemática e física.
Passou para o IME, pro ITA mas não quis seguir carreira militar.
Programador nato, ele criou alguns aplicativos que estão aí na boca do povo.
Hoje ele tem uma startup de tecnologia com parcerias com ninguém menos do que a gigante a AliBaba.
Quer saber a idade da fera? 19 aninhos!
Sim, esse era o nível da garotada do top 100.
Cada pessoa daquela sala, tinha a sua própria história fora da curva.
AS 4 CARACTERÍSTICAS DO JOVEM “AVERAGE”
Quem liderou o workshop foi um cara da Fundação Estudar chamado Ailton Cunha.
Outro brabo pra caramba!
O Ailton nos deu vários toques sobre futuro, perfil, entrevistas de trabalho antes de contar a verdadeira razão pela qual havíamos sido escolhidos para aquele seleto grupo.
Muita gente vai vestir a carapuça e mandar hate mail com o que eu vou falar agora mas o comentário do Ailton me fez refletir pra caramba.
O TOP-100 era TOP-100 porque havia pensado fora da caixa e feito coisas além dos 4 BÁSICOS:
-
Passar no vestibular
-
Entrar para empresa júnior
-
Falar inglês e fazer intercâmbio
-
Fazer estágio
Olhando de longe, parece algo fora do normal.
O cara que fez os quatro deve se achar o máximo dentro do microcosmo que é a faculdade dele.
Se você parar para pensar, em escala macro, esse perfil é o mais básico dos básicos.
Sim, é difícil passar no vestibular da Federal.
É difícil conseguir vaga na empresa júnior top da faculdade.
É difícil conseguir bolsa do Ciência sem Fronteiras.
É difícil arrumar um estágio numa empresa legal.
Mas cara… para se destacar hoje em dia tem que ir além disso aí.
As grandes empresas recebem milhares e milhares de currículos de jovens com esse exato perfil.
E é um igual ao outro.
Sim, quero te tirar da zona de conforto e estou usando e abusando da programação neurolinguística
Como é que tu vai se destacar num processo seletivo de trainee de uma empresa top se você é igual a todo mundo?
Vou te dar uns exemplos de uma galera que tava no top-100 sem citar nomes.
– Um cara de Brasília que foi fazer intercâmbio em Cingapura. Até aí tudo bem. Item #3 dos 4 pilares básicos. Mas dentro do intercâmbio dele, ele começou a trabalhar em startups de tecnologia, as coisas foram dando certo e ele acabou morando e fazendo negócio em Taiwan, China e Filipinas. Idade? 22 anos.
– Um cara de uma cidadezinha do interior de São Paulo que foi fazer intercâmbio na França. Item #3 de novo. Mas ele trabalhou com pesquisa numa faculdade top de engenharia e voltou de lá com TRÊS PATENTES no nome dele! Um monstro! Idade? 21 anos.
– Um cara da Zona Oeste do Rio que fazia economia no IbMec (item #1). Só que ele teve a idéia de juntar os amigos e fazer um business de palha italiana. Empresa júnior? Ítem #2! Só que ele montou uma rede de distribuição top em várias outras faculdades do Rio, bolou um sistema de remuneração variável muito sinistro, contratou gente e botou a empresa para faturar coisa de 40mil reais por mês. Idade da fera? 22 anos.
– Um cara do Capão Redondo (favela de São Paulo retratada em 99% das músicas do Racionais MCs) que fundou um projeto social quando era adolescente. Ítem 2, check: empresa júnior. Mas ele foi além! Não estava satisfeito em fazer um vestibular normalzinho e ficar nas mãos das greves do governo brasileiro e se coçou para estudar fora e bater de frente com os melhores estudantes do mundo. Resultado? Ganhou bolsa integral para estudar engenharia na Stanford University e rejeitou admissão em lugares normais como Harvard, Yale e MIT. Idade? 17 anos.
Entendeu?
Sim, os 4 pilares básicos continuam lá.
Mas para se destacar, o cara do top-100 pegou um desses pilares e zerou ele até o fim.
Escrevi 1500 palavras nesse humilde post para te fazer pensar o seguinte:
QUAL É TEU DIFERENCIAL?
Vai rolar essa mesma conferência ano que vem.
O que vai te fazer se destacar entre milhares e milhares de jovens com o mesmo perfil?
Pensa nisso e vem trocar idéia comigo depois.
Pode ser pela minha fanpage no Facebook ou por email em [email protected]
O próximo post será sobre o que eu aprendi no workshop da Fundação Estudar e por que aquela tarde de sábado mudou minha vida para sempre.
Criei uma newsletter semanal também para a mulecada fora da curva.
Lá eu vou compartilhar oportunidades de estágio, intercâmbio, trabalho, análises da economia mundial, paradas sobre empreendedorismo e o que vier na minha cabeça.
Quer entrar para o clube? Deixa teu email aí!
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Para informações sobre palestras, envie um email diretamente para minha equipe em [email protected].
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Show!! Parabens pelo blog e pelo trabalho, realmente motiva a gente!
Muito bom o texto Raiam, é bem isso mesmo. Só uma galera top mesmo. Parabéns por sua história brother, curti e me identifiquei muito com ela. Abração
Parabens Raiam,
Conheci seu blog hoje de madrugada e nao consegui dormi, por ler um post atras do outro.
Continue com esse “trabalho” de insentivar nossa juventude!!! O caminho e esse!
Raiam, vc esqueceu da parte 2 do post? rs. Ou eu que não achei aqui no site?
” próximo post será sobre o que eu aprendi no workshop da Fundação Estudar e por que aquela tarde de sábado mudou minha vida para sempre. “
Já sou teu fã pela tua história. Valorizo tuas ideias, mas muita gente as prega. Teu diferencial que mais me impressiona é segui-las. Isso sim é foda.