Essa é a terceira parte da série de artigos sobre minha experiência na Conferência ENE.
Não leu as primeiras?
Conferência ENE [Parte 1] : A Cultura 3G e o legado de Jorge Paulo Lemann
Conferência ENE [Parte 2] : Dois Minutos Para Convencer Os Maiores Executivos do Brasil
Se estiver com preguiça de abrir os dois links, vou resumir a tal Conferência ENE em um parágrafo.
O homem mais rico do Brasil Jorge Paulo Lemann e seus comparsas criaram um evento para conectar os jovens mais brilhantes do Brasil entre si e com as maiores empresas do país. Indiretamente, ele quis promover as empresas de seu portfolio como Ambev, Burger King, Kraft-Heinz e trazer só os melhores da Geração Y para trabalhar com ele.
Como eu falei no segundo post da série, me colocaram no top-100 entre os 16mil jovens inscritos.
Sendo top-100, eu teria acesso a uma parada chamada Pitch ENE.
No pitch, os organizadores nos dariam 2 minutos vender nosso peixe para os executivos e diretores de RH de grandes empresas como Google, Facebook, BTG Pactual, Ambev, etc.
Preparando para a Conferência ENE
O pessoal do top-100 teria direito a um dia inteiro de aula com dois caras fora da curva: Ailton Arantes Cunha e Leonardo Gomes.
A pergunta natural para complementar a frase acima seria: aula de quê?
Vou confessar que é difícil responder essa pergunta.
O Ailton veio lá de Viçosa, Minas Gerais.
Ele fez graduação em química mas virou uma lenda lá na faculdade dele por causa de seus projetos de liderança, mais voltados para a parte humana do business.
Devo ter trombado com umas 10 pessoas da Federal de Viçosa nos últimos 6 meses… todas elas conheciam o Ailton e todas elas disseram que ele é um monstro pica das galáxias.
O Léo é psicólogo formado pela UFRJ mas aprendeu muito na escola da vida e virou um dos profissionais de RH mais respeitados do Brasil.
Ele é braço direito de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira quando o assunto é talentos, especialmente talentos da Geração Y.
Se eu não me engano, é ele que coordena os processos seletivos de algumas empresas do portfolio da 3G Capital como Kraft Heinz e Burger King.
Ficamos no auditório do BTG Pactual de 9 da manhã até às 7 da noite aprendendo técnicas de entrevista, dinâmica de grupo, networking, oratória e, é claro, ensaiando para o tão esperado Pitch ENE.
Só que a tal aula com os dois cabeças da Fundação Estudar foi muito mais além do que um simples workshop de fim de semana.
Tá ligado quando tu tá lendo um livro e acaba tomando uma chacoalhada porque a aquela história do livro tem muito a ver com a sua?
Aconteceu comigo com a biografia do Schwarzenegger, com David and Goliath do Malcom Gladwell e com o Alquimista do Paulo Coelho.
Tomei uma chacoalhada bruta nessa tarde com o Airton, com o Léo e com o resto do Top-100 da Conferência ENE.
O DNA Wharton
Me formei com 20 anos de idade na Wharton Business School, a escola de negócios da University of Pennsylvania.
Quando os grandes bancos de Wall Street querem buscar talentos, a primeira parada deles é em Wharton.
Aham, tá bom! Raiam só tá falando isso porque quer puxar a brasa para a sardinha dele.
Mas não é bem assim não. Já leu o livro Young Money: Inside the Hidden World of Wall Street Post-Crash Recruits?
Ao contrário das universidades rivais e mais famosas como Harvard, Stanford e Yale, UPenn oferece um currículo completo de business para alunos de graduação.
Enquanto o cara de Harvard está aprendendo ciências políticas, filosofia e lendo textos acadêmicos, o cara de Wharton está fazendo valuations, matando case-studies, analisando balanços de empresas, operando na bolsa e montando modelos no Excel… desde os 17 anos de idade.
Quando chega a hora de mergulhar no mundo real com 21-22 anos, o aluno de Wharton está muito mais preparado porque já viu tudo aquilo na faculdade.
Momento João Kléber… porque esse blog não é comunista.
Quer estudar em Wharton ou em outra universidade top dos Estados Unidos? Tenho um curso que te ensina a navegar todo o processo e potencializar suas chances de passar no vestibular americano com bolsa!
Eu ganhei 200mil dólares de bolsa de estudos e você pode também!
Incubadora de Tubarões
A Wharton era campeã do mundo em colocar os alunos na cara do gol.
Não me lembro de um colega de classe meu saindo da faculdade desempregado.
E o salário inicial médio da galera era de US$70mil dólares/ano…. sem contar o bônus.
Além do currículo mega-aplicável para o mundo real, a Wharton oferecia todo tipo de preparação para entrevistas e uma rede de mentoria com ex-alunos super bem sucedidos.
É claro que eu fui lá e aproveitei esses serviços de preparação para entrevistas, montagem de CVs e criação de cover letters.
Só que a Wharton te preparava para dizer exatamente o que aqueles recrutadores de Wall Street queriam ouvir.
Tinha todo um protocolo de coisas para dizer e coisas para evitar.
A idéia era mascarar sua essência e se camuflar no perfil exato do candidato que eles procuravam.
Deu certo.
Consegui um emprego muito top usando a maneira Wharton de entrevistar.
Escalando a Pirâmide de Maslow
Quase cinco anos depois, o Airton e o Léo foram lá e quebraram esse paradigma para mim.
Se você mascara sua essência e faz tudo na base do “tell them what they wanna hear”, você pode até ser contratado… mas não vai ser feliz lá dentro.
Segura meu like aí, Fundação Estudar.
Morava em Nova York, ganhava muito dinheiro, saía com modelos famosas, tinha um apartamento em Times Square… mas odiava a minha rotina.
Aí eu pergunto: porque eu não era feliz na época de Nova York?
Me amarro em psicologia e programação neuro-linguística (já viu a lista dos 200 livros que eu li em 2015?) e acredito muito no conceito da Pirâmide de Maslow (aprenda mais aqui).
Não era feliz porque não conseguia atender às necessidades básicas da parte inferior da pirâmide.
O objetivo do ser humano é chegar à parte azul da pirâmide: a realização pessoal.
Só que não dá para chegar lá sem dominar as camadas debaixo como fisiologia, segurança e relacionamentos.
Para te mandar a real, fiquei meio traumatizado dessa época de correria lá em Nova York.
Tanto que se me chamarem para voltar a trabalhar lá, estou quase certo de que recusaria o convite.
E tudo começou com o “tell them what they want to hear” da entrevista.
Qual é a sua maior fraqueza?
E foi por histórias como a minha – jovens com alto potencial mas profissionalmente frustrados – que o Ailton e o Léo resolveram martelar o ponto da realização pessoal durante todo workshop do Top-100.
O conceito fundamental daquelas 10horas de preparação foi algo muito básico mas que todo mundo esquece:
SEJA VOCÊ MESMO
Não adianta seguir protocolos e se mascarar para empresa!
Menos “tell them what they wanna hear” e mais “tell them exactly who you are”.
Eles pegaram uma pergunta muito manjada em entrevistas de trabalho:
Qual é a sua maior virtude e qual é a sua maior fraqueza?
Ao invés de ensaiar algo para dizer ao entrevistador, os caras nos levaram numa “viagem de autoconhecimento” que me chacoalhou mais ainda.
Minha personalidade é bem aberta e eu era o cara mais vocal entre os 100 jovens da sala.
Na frente da turma, o Airton me perguntou “E aí, Raiam…qual é a sua maior fraqueza?”
Pensei um pouquinho e lembrei do fator INFORMALIDADE.
Falei sobre a minha época de NY e também sobre a minha demissão em rede nacional da ESPN quando era apresentador e comentarista de NFL.
Meio que me fiz de vítima dizendo que o tal FATOR INFORMALIDADE era uma grande razão pela qual não estava aonde queria na vida.
Airton rebateu na hora: isso porque você estava na função errada… e na empresa errada. Tem empresas que colocam a informalidade no topo dos valores e um cara como você pode brilhar muito lá dentro.
PLUFT!
Era exatamente por isso que a gente estava naquela sala…
O Currículo ENE
Léo e Airton nos entregaram um documento chamado Currículo ENE.
Um dos critérios que os caras levaram em conta na hora de peneirar 16mil candidatos para o top-100 foi um mega-questionário que fizemos na hora de preencher a inscrição.
Papo reto… demorei umas 5 horas para terminar aquilo.
O Currículo ENE era exatamente o resultado desse questionário. Se liga no que saiu para mim:
A primeira chacoalhada veio na página de ESTILOS DE TRABALHO.
Como vocês podem ver, odeio estabilidade e sou fraquíssimo no quesito atenção a detalhes.
A primeira coisa que veio à minha cabeça foi:
“Opa! Preciso trabalhar esses dois fatores para levá-los mais perto da média.”
Quando mostrei isso pro meu próprio pai, ele falou a mesma coisa.
Mas não. A idéia ali era meio diferente.
O cara é intenso num fator quando a nota sai maior de 6.
Eu tirei 7.2 em agressividade e 6.7 em agilidade.
Ao invés de focar no pior e trazê-lo para cima um pouquinho, a recomendação era diferente:
Focar no que você é acima da média, alavancar isso como uma virtude… e você vai aprendendo com o tempo a lidar com as outras coisas.
Agora sobe a tela e olha no canto superior esquerdo da figura dos estilos de trabalho.
SOCIAL – EMPREENDEDOR – ARTÍSTICO
Tanto em Nova York quanto na época da Conferência ENE, recebia salário para fazer coisas que não tinham nada a ver com essas minhas 3 características-chave.
Hoje em dia, incorporei os 3 fatores no meu trabalho através das minhas palestras, mentoria 1-to-1, livros, site, app, consultoria para empresas e parcerias com os meus patrocinadores.
Resultado? Topo da pirâmide de Maslow!
Não estou ganhando aqueles rios de dinheiro da época de Nova York (ainda não) mas dominei as camadas da base e já me sinto na parte azul da pirâmide.
Tem gente que não acredita nesse testes vocacionais que aparecem por aí mas esse caiu como uma luva na minha vida.
Além dessa parte pessoal, o robôzinho do Currículo ENE “cuspiu” 5 empresas que tinham a ver com o meu perfil e que estariam lá no dia da Conferência:
BTG Pactual
Movile
Fundação Estudar
Arpex Capital
Gerando um Questionamento
Lembra do post sobre a palestra do Bernardinho onde ele deixou claro que a missão dele era gerar um tipo de questionamento?
Lá pro final do workshop, descobri que aquele conteúdo era parte de um programa maior da Fundação Estudar chamado Catálise e tocado pelo próprio Ailton.
O que é catálise?
Na química, catálise é quando a adição de uma substância altera o ‘‘caminho reacional’’, fazendo com que reações que ocorriam muito lentamente ou sequer ocorreriam possam acontecer mais rapidamente.
Agora leva essa definição para o lado humano…
No próximo post, vou contar como estruturei meu pitch de 2 minutos e por que saí de São Paulo frustrado e, ao mesmo tempo, ultra-motivado.
~Raiam
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