Esse é o primeiro post da série que vai introduzir meu quinto livro ao povão.
Ao longo dos próximos dias, escreverei alguns teasers aqui no MundoRaiam sobre os principais tópicos do meu novo livro Classe Econômica: Europa Comunista.
O Classe Econômica: Europa Comunista foi o primeiro livro da história do mercado literário brasileiro a ser lançado de forma exclusiva em formato audiobook.
Fechei uma parceria com meu aplicativo favorito Ubook e eles acreditaram na minha loucura.
Estou bem ciente que posso estar deixando de ganhar muito dinheiro com esse lançamento maluco mas eu nasci para ousar, tá ligado?
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A SÉRIE CLASSE ECONÔMICA
O título Classe Econômica tem duplo sentido.
O primeiro e mais óbvio é a ideia de turismo barato, de mochileiro e de gambiarra.
Um dos principais ganchos do livro é que eu provo que sai mais barato passar um mês viajando o mundo do que morar no Rio ou em São Paulo pagando aluguel, transporte, contas do mês, balada, etc.
O segundo sentido de CLASSE ECONÔMICA tem mais a ver com a alma desse site: desmistificar conceitos cabeludos da macroeconomia e trazê-los para a realidade da galera da maneira mais simples possível.
Sou e sempre fui um cara do contra.
Ao invés de seguir a risca desses blogueiros-de-viagem-filhos-de-pai-rico e sair mostrando champagne, balada, pontos turísticos e restaurantes chiques em Paris, o Classe Econômica está muito mais focado na condição atual da economia e na realidade da Geração Y de países um pouco mais desconhecidos do público.
Tenho 3 livros confirmados para essa série: um para a Europa Comunista, um para o Sudeste Asiático e um terceiro cobrindo micropaíses europeus como San Marino, Andorra, Luxemburgo e Mônaco.
Nesse primeiro livro, me infiltrei em mesquitas muçulmanas, troquei ideia com traficantes de drogas, putas, universitários, ex-guerrilheiros, jogadores de futebol, programadores, jovens empreendedores, guias turísticos e até herdeiros de oligarcas que ficaram bilionários com a privatização das antigas mega-estatais comunistas no início dos anos 1990.
Vai vendo!
Mas aí, Raiam… da onde surgiu a ideia de visitar e escrever sobre os países quebrados do leste europeu como Bósnia e Herzegovina, Kosovo e Sérvia?
DEPOIS DO COMUNISMO
A principal questão que eu fui investigar lá por aquelas bandas foi a seguinte:
O que acontece com um país quando um regime comunista cai?
Tá Raiam, o que a gente tem a ver com isso?
Querendo ou não, o Brasil foi um país comunista de 2002 a 2016.
Não concorda? Foda-se!
Apesar do nosso status como uma das top-10 economias de mercado do mundo, Lula, Dilma e seus comparsas eram fechados com Fidel Castro, Hugo Chavez e com as ideias de Karl Marx e Friedrich Engels.
Tudo bem que as coisas aqui entre 2002 e 2016 foram bem diferentes dos países da Cortina de Ferro durante a Guerra Fria mas ambos casos tinham uma característica-chave em comum: o assistencialismo estatal.
O PT caiu e estamos num período meio doloroso de transição.
Isso porque o “excesso de governo” deixou dois tipos de rombo no nosso país.
O primeiro é relativamente fácil de corrigir: o rombo das contas públicas.
Gastou mais do que deveria gastar? Desviou dinheiro demais? É só chamar o Dr. Default, lavar as mãos e tocar o barco pra frente.
Vai perder a confiança do investidor internacional? Vai! Mas isso aí é algo que se recupera com o tempo.
Vai perder alguns votos na eleição? Vai! Mas o povão tem memória curta para essas coisas.
O segundo tipo de rombo é beeeem mais complexo: o rombo de mentalidade.
Minha ideia com esse post era de evitar abrir espaço para spoilers mas aqui vai uma das principais conclusões do livro:
O comunismo fudeu com o cérebro das pessoas dos países do leste europeu que eu visitei.
A impressão que eu tive é que os habitantes da ex-Iugoslávia comunista vivem sob o pesado efeito da nostalgia.
COMUNISMO SEM RÚSSIA?
Esses dias, recebi comentários de alguns haters que iam mais ou menos assim:
“Como você se atreve a chamar um livro de Europa Comunista sem cobrir a Rússia?”
O livro é meu e eu escrevo sobre o que eu quiser, jovem!
Uma coisa que eu aprendi ao longo dos últimos anos é que os haters têm razão em 99% das vezes.
Se você parar para analisar direitinho, eles estão lá para te ajudar a ser melhor do que ontem.
Vou te mandar a real: aprendo mais com os comentários de um hater sincero do que de um amigo bajulador.
A real é que o livro ia se chamar Classe Econômica: Países Bálcãs.
Aos 48 do segundo tempo, a produtora do Ubook Marta Ramalhete me alertou que o termo “Países Bálcãs” não existe na língua portuguesa.
Daí eu tinha alguns minutos para mudar o nome do livro.
Classe Econômica: Península Balcânica? Feio demais!
Classe Econômica: Os Bálcãs? Uma merda!
Classe Econômica: Bálcãs? Preciso de algo mais comercial que isso.
Daí eu lembrei do sucesso daquele meu post viral Não Contrate Um Comunista e resolvi seguir com o título mesmo sem cobrir o principal exemplo de comunismo na Europa.
Mas aí… a Rússia está bichada.
Liga o Jornal Nacional e tem notícia sobre o Putin.
Abre o Business Insider e sempre tem alguma treta dos oligarcas de Moscou.
Pega qualquer livro de história de ensino fundamental e vai ter muita coisa sobre a União Soviética.
Eu estudei num dos melhores colégios do Brasil e NUNCA aprendi porra nenhuma sobre o comunismo da antiga Iugoslávia.
Irmão, que país FAS-CI-NAN-TE!
A SUPER IUGOSLÁVIA
Eu diria que a antiga Iugoslávia foi o maior exemplo de “País Jogo de Cintura” da história das relações internacionais.
Vou começar pelo jogo de cintura interno.
O “ditador” Josip Tito conseguiu reunir muçulmanos, católicos e cristãos ortodoxos num mesmo território e sob a mesma bandeira…. em total paz e harmonia.
Passei uns 20 minutos tentando lembrar um exemplo de outro país onde os três povos estão de boa na lagoa e suave na nave daquele jeito.
Acho que só Jesus Cristo conseguiria um feito desse nos dias de hoje.
No jogo de cintura externo, apesar de ter ficado quase 50 anos sob o regime comunista, a Iugoslávia era um país neutro e fazia negócio com ambos lados da Cortina da Ferro.
Sim, num mundo extremamente polarizado como aquele de quando nossos pais eram adolescentes, os iugoslavos vendiam armas para a União Soviética e máquinas industriais para os Estados Unidos.
Eram pouquíssimos os países que tinham culhão para fazer algo do tipo naquela época.
Resultado: durante a Guerra Fria, a Iugoslávia unificada era uma das 5 maiores economias da Europa.
Eles eram tão prósperos que inventaram até de gastar dinheiro público para sediar os Jogos Olímpicos.
Os iugoslavos estavam surfando uma onda boa e queriam mostrar ao mundo que o país deles era um exemplo de comunismo bem-feito.
Já vi esse filme, hein? Alguém lembra da conjuntura econômica da época em que o Rio de Janeiro ganhou de Chicago para sediar as Olimpíadas de 2016?
Depois coloca no YouTube os vídeos que comparam a Sarajevo das Olimpíadas de Inverno de 1984 com a Sarajevo atual.
Essa prosperidade econômica se refletia no povão.
Os iugoslavos tinham acesso a saúde pública de qualidade, excelentes universidades, todo mundo tinha direito a um cafofo, os menos favorecidos recebiam uma espécie de bolsa-família, não existia desemprego e o melhor de tudo:
O governo te pagava para passar 1 mês de férias naquelas belíssimas praias croatas banhadas pelo Mar Adriático.
Sim senhores: era direito dos cidadãos iugoslavos ficar de barriga para o alto no verão num dos vários hotéis estatais da costa da Croácia.
Tava sobrando dinheiro, né?!
ACABOU!
Do dia para noite, essa mordomia toda acabou.
O rei do jogo de cintura Tito morreu, a Iugoslávia perdeu seu principal parceiro comercial com a queda da União Soviética e o país começou a ruir internamente.
Sabe qual é o maior problema de um regime como esse?
É que 100% dos cidadãos são funcionários públicos!!!! Pior que o Brasil, hein?!
Agora explica para um cara que recebeu benefícios estatais a vida inteira que o papai-governo está quebrado e ele vai ter que correr atrás do próprio pão.
Mindfuck!
Não tem emprego. Não tem salário. Não tem hospital. Não tem moradia… e não tem férias na Croácia.
Como dizia o velho Tatau do Araketu:
“Mal acostumado…. você me deixooooouuu… mal acostumado”
O choque foi tão grande e doloroso que terminou em guerra… das brabas!
Acabou o dinheiro, acabou o amor.
Quem assistiu Jornal Nacional na década de 1990 lembra muito bem das cenas sangrentas das guerras da Croácia, de Sarajevo e do Kosovo.
Do dia para a noite, aqueles povos que conviviam em paz e harmonia na época do Tito começaram a se matar: católicos, cristãos ortodoxos e muçulmanos trocando bala no meio da rua.
Passo boa parte do livro tocando nesse negócio das guerras de independência.
Lembra que eu falei que um dos principais assuntos do livro era a Geração Y?
Eu nasci em 1990. Enquanto eu estava jogando futebol no campo do Olaria, as crianças iugoslavas da minha idade estavam fugindo de bombas, balas perdidas e minas terrestres.
Durante minha passagem pela Bósnia, conheci uns 3 caras de 20 e poucos anos que ostentavam marcas de bala de quando eles eram crianças.
O bagulho é doido!
NÓS E ELES
Voltado para o assunto do Araketu, o comunismo deixou o povo iugoslavo tão mal acostumado com “dinheiro caindo do céu” que eles não superaram aquela mentalidade até hoje.
Os caras vivem de passado.
E nisso eu incluo os jovens que eram muito pequenos para lembrar das vacas gordas do comunismo de Tito.
Aí vem a influência da família. Isso porque eles escutaram histórias de seus pais e avós de como as coisas eram boas na Iugoslávia das décadas de 1960 e 1970 e de como as coisas são ruins hoje.
Cá entre nós, o negócio tá feio por lá!
A economia local está quebrada desde o início dos anos 1990 e eu não vi nenhum sinal de luz no fim do túnel.
Viu o que acontece quando você implanta aquela ideia utópica de comunismo e governo grande na cabeça das pessoas? Esse “rombo de mentalidade” passa de geração em geração!
Vou te contar um segredo: é difícil pra caramba ser filho de funcionário público no Brasil! Você vive numa crise de identidade imensa e sempre sente que tem alguma coisa te puxando pra trás.
Comunismo funciona? Funciona sim!
Devia ser uma maravilha morar lá nos anos 1970 (falando nisso.. ô lugarzinho pra ter mulher bonita, hein?!).
Mas funciona por tempo limitado! E quando acaba? Ah meu irmão… RUN TO THE HILLS!
Agora eu te pergunto: o que vai acontecer com essa penca de funcionário público que mama nas tetas do estado brasileiro quando eles perderem seus empregos e seus benefícios?
Ah, Raiam! Demitir um funcionário público é inconstitucional.
Desviar dinheiro público também é inconstitucional, jovem.
Do jeito que nossas contas públicas estão, a solução vai ser cortar as asinhas de centenas de milhares de concursados.
Experimenta ensinar a Lei da Oferta e da Procura para alguém que mamou na teta do governo a vida inteira…
Será que vai ter rombo de mentalidade pós-Comunismo aqui no Brasil também?
LEIA (OU ESCUTE) O CLASSE ECONÔMICA: EUROPA COMUNISTA!
Te convenci? Te dou duas opções:
A primeira é “ler com os olhos” pelo PC, celular ou Kindle: amzn.to/2fQxgcR
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