Quanto mais eu leio sobre a China, mais eu me convenço que eles vão dominar o mundo na geração de nossos filhos e netos.
Tava lendo o livro Winner Take All: China’s Race For Resources and What It Means For The World de Dambisa Mayo e um dos dados que mais me impressionaram foi o seguinte:
“Entre 2005 e 2011, a China comprou 350 empresas estrangeiras investindo um total de 400 bilhões de dólares. “
Caralho!
E é uma compra mais estratégica que a outra.
Se liga na lista de compras dos fundos investimentos patrocinados pelo governo chinês?
Minas de carvão na Rússia…
Poços de petróleo na Venezuela…
Terminais portuários na Grécia…
Ferrovias na Argentina…
Hidrelétricas na África…
Minas de cobre no Chile…
Pré-sal no Brasil…
… e todas as pastelarias do subúrbio do Rio.
Para aqueles que acham que eles só investem em país fudido como o nosso, pode tirar seu cavalinho da chuva.
A China pagou U$2B por uma fatia na montadora de carros Volvo, US$1B pela operação de PCs da IBM Lenovo e se encheu de títulos da dívida do governo americano.
Só de sacanagem, o maior credor dos EUA é a China.
Isso pode dar um caô danado daqui a uns anos.
Eu falei em compra estratégica porque, contrariamente aos governantes de 99% dos países do mundo onde se governa para ganhar a próxima eleição, a China tem um trunfo muito importante na manga:
O processo de decisão dos caras que estão no poder na China é a longo prazo.
E a grande maioria dessas compras estratégicas no exterior é feita por empresas do próprio governo.
E, talvez por ser feito pelo governo (que é ineficiente em qualquer lugar do mundo), eles desafiam qualquer princípio básico de taxa interna de retorno e de valuation.
Papo reto, parece que não tem livro de finanças corporativas na China.
Os chineses fazem um overbid imenso e reconhecem que pagam alto mesmo pra expulsar outros investidores estratégicos do mercado.
Eles investem agora porque sabem que vai faltar petróleo, comida, água e energia quando a China virar um país maduro em algumas décadas.
O que eu quero dizer com um PAÍS MADURO?
Simplificando cem anos de teoria macroeconômicas em um parágrafo:
Um país maduro é aquele que passa de US$15mil dólares de renda per capita (PIB dividido pelo número de habitantes daquele país).
Quando a renda anual média de cada habitante superar os US$15mil dólares por ano, o país vira consumidor.
A população começa a adicionar proteínas a dieta…
Começa a querer morar em apartamentos modernos…
Começa a comer em restaurantes e a comprar carros, laptops e televisões.
O último país que cruzou essa fronteira foi a Coréia do Sul.
Dá um rolé por Seul para você ver o que é um ex-país emergente que amadureceu e virou consumidor.
Cedo ou tarde, a China vai para o mesmo caminho.
A renda per capita da China foi em 1990 era de US$900 por ano em 1990.
Hoje, esse número está na faixa dos US$13mil.
Se na década de 2000, quem se deu bem com a China foram os produtores de matéria prima industrial, principalmente de minério de ferro e petróleo, agora o jogo mudou.
O país deixou de ser um canteiro de obras.
Agora é a era do shopping center!
Se quem consumia na China eram as grandes construtoras, agora quem consome é o povão.
Teve uma época que as pessoas mais ricas do mundo eram as donas de poços de petróleo.
Na era da China consumidora onde o povão gosta de encher a barriga, a festa será de quem produz essa comida.
Encho a boca para dizer que estamos muito bem posicionados para tirar beneficio$ disso.
Viva a fronteira agrícola do Brasil!
E pode anotar aí:
Vai ter muito fazendeiro do Mato Grosso do Sul e da Argentina andando de Ferrari e Maseratti.
“
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Maior credor dos EUA é o Japão. Muito bom o artigo!
Ótimo texto como de costume, sou um leitor novo do site e já pude perceber o ótimo nível.
Quanto ao comentário acima, do João:
A China ultrapassou o Japão, vale a observação que em 2014 a China reduziu o número de títulos americanos em sua posse.