Minimalismo

O país da trambicagem: 7 bagulhos doidos sobre a Suíça

Kobe Blog
Escrito por Kobe Blog em 06/02/2016
O país da trambicagem: 7 bagulhos doidos sobre a Suíça

Vim pra Suíça para completar uma missão pessoal:

Conhecer pessoalmente o atual escritor best-seller e ex-maluco hippie doidão Paulo Coelho.

Me amarro em escrever, já vivo disso e quero construir uma carreira duradoura como escritor…  nada melhor do que aprender com o melhor do mundo, né?

Um dia desses eu posto mais detalhes sobre a tal missão mas já posso te adiantar que foi uma das paradas mais sem-noção que fiz na minha vida.

E olha que eu já fiz muita coisa sem noção na vida:

Com 16, eu imigrei ilegalmente para os Estados Unidos…
Com 19, eu invadi a festa do título do FC Barcelona e quase caí na porrada com o Piqué e o Puyol…
Com 23, eu viajei para a Palestina no meio da guerra…

Depois dá uma olhada no meu segundo livro Turismo Ousadia: Como Conquistar o Mundo Ainda Jovem que eu conto melhor essas histórias aí.

Bom, me dei 7 dias em Genebra para cumprir a tal Missão Paulo Coelho.

Só que o universo conspirou de uma maneira tão forte que acabei conseguindo cumpri-la logo no primeiro dia.

paulo coelho raiam dos santos suíça

Depois dessa foto aí, fiquei à toa resolvi dar um rolé pelas ruas de Genebra, conversar com gente e aprender um pouco sobre a cultura local.

A conclusão é que a Suíça é um dos lugares mais loucos do mundo:

1- FACADA MASTER 

Já rodei o mundo e nunca vi um lugar tão caro quanto Genebra.

E nesse bolo eu incluo cidades consideradas chiques como San Francisco, Londres, Nova York, Paris e São Paulo.

Tudo bem que tem aquela parada do “quem converte não se diverte” e que eu não deveria ficar multiplicando tudo por 4.

Entendo perfeitamente.

A verdade é que eu não tenho muitas razões para reclamar: grande parte do meu faturamento é em dólar e o franco suíço está parelho com o dólar 1:1.

Mesmo assim, eu me sinto extremamente ofendido quando vejo o preço das coisas na rua em Genebra.

Quando eu tô num país estrangeiro e quero segurar a grana, a primeira coisa que eu faço é procurar um McDonalds.

Morei na Europa quando eu não tinha um puto no bolso então o Mac sempre foi a minha principal pedida: com pouco dinheiro dá para se encher de carboidratos (pão e batata), proteína (carne do hambúrguer) e açúcar (refrigerante) e aguentar um dia inteiro na rua sem fome.

Na Suíça, o Mac também é a alternativa mais barata.

Só que eu paguei 13 francos numa McOferta. Multiplica por 4!

Sim, foram 52 reais pelo lanche mais barato que eu podia ter.

Quer ir pra noitada e colocar uma suíça loira no teu currículo? Prepare-se para pagar 30 francos por uma cerveja ou 40 por um drink.

Multiplica por 4 de novo e chora!

 

2- CHOCOLATE A PREÇO DE BANANA

Calma que toda regra tem sua exceção.

E na Suíça essa exceção chama-se CHOCOLATE.

Quem me ensinou esse hack foi a Bia, uma carioca gente-boa que trabalha na Fundação Paulo Coelho aqui em Genebra.

Um barrão de 500g de chocolate não custa mais do que 2 francos no supermercado: 8 reais.

Estamos falando de meio quilo de chocolate suíço da mais alta qualidade pelo preço de uma barra de Diamante Negro de 170g nas Lojas Americanas

A boa é comprar aqueles chocolates que vêm com avelã dentro.

Melhor deal impossível para matar a fome durante o dia: 500g de proteína e gordura por 8 reais. Mais barato que um bife na pensão lá de Paraisópolis.

 


 

 

3- ARBITRAGEM GEOGRÁFICA 

Os próprios suíços não aguentam o nível de preços de Genebra e decidem usar a criatividade.

Um quilo de filet mignon em Genebra custa uns 80 francos suíços (320 reais).

Tem um país “pobre” chamado França a uns 10 minutos de Genebra.

Nesse país pobre, o cara pode comprar o quilo do mesmo filet mignon por 20 euros (100 reais).

O que eles fazem? Pegam o carro, dirigem para a França e fazem compras no supermercado do lado de lá da fronteira.

Só que a Suíça só permite 2 kg por pessoa para evitar essa rataria cujo termo na macroeconomia chama-se arbitragem geográfica.

E agora?

Os suíços vão para a França à noite e cruzam a fronteira em check-points secundários mais desertos e tranquilos para diminuir a probabilidade de serem parados pelos guardinhas.

Ninja!

 

4- SUÍÇA, O PAÍS DA TRAMBICAGEM

Ué? Como assim, Raiam? Os suíços não era famosos por serem muito educados, muito justos e muito pontuais?

O engraçado é que a legislação da Suíça parece que estimula a trambicagem.

E isso vai muito mais além daquelas paradas do sigilo bancário e das famosas “contas na Suíça”.

Bom, já dei o exemplo da arbitragem geográfica ilegal ali em cima. Agora segura outro exemplo aí:

O país é dividido em 26 Cantons.

Os Cantons são basicamente vários países independentes dentro de uma Suíça unificada.

É por causa da variedade dos Cantons que o país tem três línguas oficiais. Por serem tão independentes, cada Canton tem suas próprias leis fiscais.

Genebra é um dos Cantons com as maiores alíquotas de imposto da Suíça inteira.

O que o ricaço multimilionario de Genebra faz?

Ele aluga um apezinho no Canton do lado (Valais), coloca a residência dele lá e paga os impostos de Valais.

Apesar de avisar ao governo que ele mora em Valais, ele realmente dorme e acorda em Genebra 7 dias por semana! Sim, o apezinho fica vazio!

O cara paga um aluguel de 3mil francos a mais por mês para economizar milhões com impostos.

Mano, tem até um site que te ajuda a fazer essas ratarias de impostos dentro dos Cantons suíços. Depois dá uma olhada no app Comparis e simula lá!

 

5- LÍNGUAS MORTAS

Minha estadia na Suíça foi mais uma prova de que os anos que eu passei aprendendo línguas estrangeiras foram meio que inúteis.

Lembra daquele artigo polêmico que eu escrevi sobre os verdadeiros idiomas do novo mundo?

Mano, me formei no francês em 2009 e ainda peguei um certificado avançado de Francês para Business. Me pergunta quantas vezes eu usei o francês nos últimos 7 anos?

A Suíça tem três línguas oficiais: francês, alemão e italiano.

Qual das três é a mais importante?

Acertou quem adivinhou NENHUMA DELAS.

Inglês é rei na Suíça.

Já que eu estou enferrujado, eu fazia uma força danada para falar o francês e as pessoas me respondiam em inglês antes de eu terminar a frase.

Outra coisa que eu notei é que ter inglês perfeito é símbolo de status.

Não me leve a mal, todo mundo na Suíça manja do inglês. Mas eles falam um inglês meio arrastado com um sotaque muito forte.

Eu sentia que as pessoas das lojas me davam muito mais atenção e respeito quando eu falava o inglês americano do que quando eu tentava falar meu francês quebrado.

Acho que funciona mais ou menos assim, pelo menos para um cara preto como eu:

Fala inglês americano? É businessman!

Fala francês quebrado? É imigrante ilegal!

6- TRANSPORTE PÚBLICO

País desenvolvido não é aonde o pobre tem carro e sim ONDE O RICO ANDA DE TRANSPORTE PÚBLICO.

Genebra é uma prova viva disso.

Não ficaria surpreso se visse o próprio Paulo Coelho (bilionário que só ele) andando de ônibus e tramway em Genebra.

O melhor de tudo é que a cidade meio que pune quem anda de carro.

Abre o Google Maps e tenta ir de ponto A a ponto B dentro de Genebra.

Daí compara as opções “carro”, “bike” e “transporte público”.

Te garanto que o carro é o meio que vai demorar mais.

Os sinais de trânsito são ultra demorados de propósito. É um jeito da cidade dizer: “Ah quis ser espertão e andar de carro? Então se fode aê esperando no sinal.”

 

7- CACHORRO-CULTURE 

Quando me programei para viajar para Genebra, reservei o albergue mais barato da cidade: City Hostel Geneve pagando 100 dólares de diária para dividir o quarto e o banheiro com um estranho.

Acabou que meu amigo cearense Andrey viu pelo Facebook que eu vinha para Genebra e me ofereceu abrigo no apê dele perto do Lago Léman.

Andrey é de família pobre em Fortaleza, foi para os EUA com 18, passou 2 anos como faxineiro limpando privada lá, conseguiu desenrolar uma bolsa para fazer faculdade na Finlândia, meteu um mestrado na Holanda, passou os três níveis do CFA e hoje tem um mega trampo no mercado financeiro na Suíça.

Correria em pessoa! O tipo do cara que tem que ser exemplo para muito jovem brasileiro que está estagnado na vida.

O Andrey mora com a noiva e com um cachorro que é basicamente um filho para eles: eles pagam plano de saúde, creche, dogwalker e levam o cachorro para tudo quanto é lugar.

Faz sentido! Lembra que eu falei da história dos cachorreiros milionários do Upper East Side no meu terceiro livro WALL STREET – O LIVRO PROIBIDO?

Num país onde o custo de vida é tão alto, as pessoas pensam duas vezes antes de fazerem filhos.

Resultado: os cachorros acabam substituindo as crianças.

Na quinta feira, o Andrey me levou para comer na melhor pizzaria de Genebra, no bairro de Eaux Vives.

Daí ele pegou a coleira e começou a amarrar o cachorro.

Pra quê, cara?

Ele disse que ia aproveitar a saída para andar com ele.

A verdade é que eu esperei que o Andrey  fosse prender o cachorro no poste do lado de fora do restaurante.

Não!

O cachorro entrou com a gente… num restaurante chique!

A hostess do restaurante olhou o bicho, checou o tag verde na coleira dele e deixou a gente entrar.

Para ter o tal do tag verde, o cachorro precisa ser vacinado, treinado, o dono tem que pagar impostos em cima dele, bancar uma seguro de terceiros em caso de acidentes e um monte de outras “frescuras”.

A pizza veio e o cachorro não deu um pio.

Eu mesmo se estivesse na posição dele estaria me lambendo inteiro para atacar aquela pizza ali só de sentir o cheiro.

 

Agora eu passo a bola pra você? Já viajou para algum pico com “costumes” diferentes tipo a Suíça? Escreve aí nos comentários que eu leio tudo!

~Raiam