Fiquei um tempinho distante do MundoRaiam porque estava em “Modo Buda” focado 100% na produção do meu quinto livro CLASSE ECONÔMICA: PAÍSES BALCÃS.
Agora que o livro já tá na mão da equipe que cuida da pós-produção, já posso voltar para o ítem #2 na lista de coisas que eu mais gosto de fazer no mundo: escrever asneiras nesse humilde blog.
Como eu já expliquei num post antigo (acho que foi o da Lei dos 20 Quilos), criei o hábito de ler resumos de livros do site Philosopher’s Notes todo santo dia.
O Philosopher’s Notes tem uns 500 resumos de livros de auto-ajuda, psicologia, neurociência, produtividade, Lei da Atração e dessas outras parada que você sabe que eu me amarro.
Depois de alguns meses rodando esse hábito em piloto automático, o Philosopher’s Notes acabou virando uma espécie de termômetro na hora de comprar livros.
Antigamente eu comprava aquele pacotão de 25 créditos no Audible e acabava arrematando uma porrada de audiobook sem-graça… no melhor estilo roleta russa.
Fiquei a fim de comprar algum livro dessas categorias aí? Vou lá no site, leio o resumo, assisto o vídeo e decido se vale a pena ou não comprar.
O livro de hoje foi um título meio desconhecido de psicologia e mindset chamado Black-Box Thinking: Why Most People Never Learn From Their Mistakes and Some Do.
Não preciso nem dizer que ele passou no teste… um tapa na cara atrás do outro.
A MÁGICA DA AVIAÇÃO
O Black-Box do título é um jogo de palavras com a caixa-preta dos aviões.
A verdade é que eu sempre fui fascinado por aviação desde que me dou por gente.
Meu pai foi piloto da falecida Varig e trabalha com aviação até hoje. Fora isso, naquele meu primeiro emprego da época do meu livro Wall Street, eu passava o dia lendo notícias e marretando balanços financeiros de companhias aéreas e fabricantes de jato no Excel.
Uma coisa que levantava a energia do meu velho era quando tinha alguma tragédia aérea.
Era só cair um Boeing em algum lugar do mundo que meu pai fazia questão de consumir tudo o quanto é tipo de informação sobre o tal desastre. Papo de comprar todos os jornais e assistir todos os noticiários sobre o acidente.
Olhando de longe, parece até coisa de gente do capeta.
Vai gostar de desgraça assim na puta que pariu!
Mas está aí o segredo do sucesso da indústria da aviação.
Se você pegar os dados lá dos primórdios de Santos Dumont e dos irmãos Wright, 50% dos pilotos acabavam morrendo em serviço.
Hoje em dia, acontece uma tragédia em cada 2.500.000 de vôos que decolam.
Ainda conheço muita gente que tem medo de avião mas, estatisticamente, andar de avião acaba sendo mais seguro do que andar de carro.
Meu pai não fazia aquilo porque gostava de tragédia.. ele corria atrás de informações para que o erro não fosse repetido quando ele estivesse pilotando o Boeing.
Como é que a indústria da aviação conseguiu diminuir o risco de tragédia para quase zero em tão pouco tempo?
Duas palavras: CAIXA. PRETA.
CAIXA PRETA (E LARANJA)
Quando cai um avião, as equipes de resgate sempre priorizam a busca de duas coisas.
A primeira? Sobreviventes.
A segunda? A caixa preta (que na verdade é laranja).
Mesmo com o avião inteiro em destroços ou debaixo d’água, a caixa preta geralmente fica intacta.
Se você não manja do assunto, a caixa preta guardas todos os registros de voz, velocidade, aceleração, altitude e potência de um determinado vôo.
Quando as equipes de resgate encontram a caixa preta nos escombros, os especialistas já sabem de tudo o que aconteceu nos momentos que antecederam a queda e podem traçar a origem do problema.
Com tanta informação das caixas-pretas de centenas avião que caíram ao longo dos anos, tanto os pilotos quanto os fabricantes de aeronaves ficaram cada vez mais sagazes ao longo dos anos.
Já deu para sacar aonde eu quero levar isso, né?
No livro, o autor coloca o setor de saúde como um total antagonista à aviação: tudo o que a aviação fez certo ao longo dos últimos 100 anos, o healthcare fez errado.
O mais curioso de tudo é que meu segundo pai trabalhava exatamente com healthcare e liderava um dos principais hospitais de Los Angeles. Lembra do post Quando sucesso e dinheiro não resolvem teu problema?
Tem uma estatística que mostra que 400.000 americanos morrem todo ano por causa de erro médico.
Para trazer tudo à mesma base de comparação, é como se caíssem dois Boeing 747 Jumbos diariamente nos Estados Unidos.
O que deu errado? Caixa preta!
Quando dá um problema no setor de saúde (pelo menos nos Estados Unidos), as pessoas não têm muito essa mentalidade de “olhar a caixa preta”, ver o que deu de errado e usar aquela informação para melhorar no futuro.
Ao invés de usarem o tal do Black Box Thinking, eles preferem duas boas e velhas expressões:
“Shit happens” e “It is what it is”.
O EFEITO DAVID BECKHAM
O autor do livro Matthew Syed traz também um exemplo humano dessa mentalidade de caixa preta.
O nome do capítulo? The Beckham Effect!
Para você ter uma ideia, o jogador de futebol mais bem-pago do mundo hoje em dia não é o Neymar, nem Cristiano Ronaldo e nem Messi.
O Beckham entubou 65 milhões de dólares no ano fiscal de 2015… sendo que ele se aposentou do futebol em 2013.
Antes de ser o galã da Calvin Klein e marido da Posh Spice, Beckham era uma criança que se desafiava diariamente nas embaixadinhas.
Com 6 anos de idade, ele conseguia fazer 5 ou 6 embaixadinhas. Isso já é mais do que o Raiam com 26.
De acordo com seus pais, ele voltava da escola, fazia o dever de casa e passava horas e horas no quintal trabalhando nas embaixadinhas. Pouco tempo depois, ele conseguiu subir a média dele para 50 embaixadinhas.
Com 9 anos de idade, Beckham conseguiu a proeza de fazer 2003 embaixadinhas sem deixar a bola cair.
Depois que ele se “graduou” das embaixadinhas, ele passou para as cobranças de falta… e fez aquilo 50mil vezes durante a infância. The rest is history…
Mesmo processo! Lembra da “Lei dos 20 quilos” daquele post do mês passado? O cara é tão foda que descobriu a lei dos 20 quilos antes de ter pentelho no saco!
Ele “comprou dados” quando era pequeno e usou aquela informação para ficar cada vez melhor no trabalho dele.
OS BECKHAMS DA VIDA REAL
Tá, Raiam. O que o Beckham tem a ver com a indústria da aviação?
São dois casos opostos e complementares de “compra de dados” da mesma mentalidade de caixa preta.
Na caixa preta, você compra dados e interpreta as informações para que aquilo nunca mais aconteça de novo.
No David Beckham, você compra dados e interpreta as informações para que aquele sucesso se repita em outras áreas.
Entendeu os dois lados da moeda do black-box thinking?
ORGULHO DE FAZER MERDA
Essa deve ser a décima-quinta vez que eu trago essa frase do meu “querido amigo” Paulo Coelho aqui no MundoRaiam mas ela sempre faz sentido.
“Orgulhe-se de suas cicatrizes”
Esses dias, eu tava conversando com meu amigo-gênio Guilherme Petersen e ele me contou de uma época de sua adolescência que ele era total vagabundo. (Não conhece a história dele? dá uma escutada no Episódio 6 do Podcast MundoRaiam).
É claro que eu custei à acreditar naquilo.
Afinal, quando eu conheci o Gui, ele já era um dono de empresa todo focado, certinho e metódico. Apesar de ter 22 anos na certidão de nascimento, ele tem a cabeça (e a cara) de uns 30.
Aquela conversa me fez parar para pensar nas poucas pessoas de 20 e poucos anos que eu conheço que realmente fazem o que gostam e estão “bem-de-vida”.
O que eles têm em comum? Todo mundo já fez muita merda quando era mais novo!
Pode me chamar de narcisista à vontade mas eu me incluo nesse grupo aí.
Foda-se!
Depois dá uma olhada num post antigo aqui do MundoRaiam sob o título As 7 Características Dos Jovens Mais Brilhantes Que Eu Conheço que eu falo mais a fundo sobre essa mulecada que deu certo.
Mario Schwartzmann, Fernando Trotta, Gui Petersen… todo mundo ali que eu entrevistei no meu podcast tem um passado meio obscuro.
Ué, Raiam? Se o caminho é fazer muita merda cedo na vida, então por que os jovens infratores da FEBEM não viraram um Steve Jobs?
Simplesmente porque eles não conhecem o poder daquela mentalidade da caixa preta.
Tragédia? Pega a caixa preta, veja o que deu errado e não repita mais aquele erro.
Isso me lembra daquela célebre frase do Michael Jordan no comercial da Nike:
Vou dar três exemplos da “caixa preta do mal” aqui:
Fato: Fui demitido da ESPN e expulso da Seleção Brasileira de futebol americano
Caixa Preta: Esporte amador e jornalismo não dão dinheiro no Brasil. Check!
Resposta: Parei de concentrar minhas atenções em coisas de baixo retorno, larguei o futebol americano de vez e finalmente consegui tocar minha vida pra frente.
Fato: Fui baladeiro, bebum e transudo por alguns anos
Caixa Preta: Noitadas, álcool e mulheres em excesso não fazem bem ao ser humano no longo prazo. Check!
Resposta: Parei de beber e comecei a dormir cedo para acordar às 5am
Fato: Trabalhei em empresa multinacional com plano de carreira e salário alto mas era 100% infeliz e desacreditado.
Caixa Preta: Não vale a pena ser funcionário e pensar em crescer em empresa nenhuma hoje em dia. Check!
Resposta: Queimei as pontes para nunca precisar vender meu tempo e minha alma em troca de salário de novo.
Deu errado? Fracassou em algo?
Experimenta interpretar aquilo como uma simples “compra de dados”!
Cada dia que passa eu fico mais convicto que quanto mais eu me fodo, mais foda eu fico.
BIRL!!!!!
A CAIXA PRETA DO BEM
Quando você está tão acostumado com essa tal mentalidade da caixa preta, você acaba usando ela para o bem também… estilo David Beckham.
Teve êxito em alguma coisa? Pega a caixa preta, veja o que deu certo e continue repetindo no acerto. Tenho 100% de certeza que aquilo pode se aplicar em outras áreas da tua vida.
Pelo menos no meu mundo, o que sempre funcionou muito bem foi o fator competição.
Quando eu tinha meus 5 anos de idade, eu tive a brilhante ideia de decorar a bandeira, a capital e a moeda de todos os 200 países do mundo.
Qual foi o racional por trás disso?
Eu tinha um jogo de tabuleiro chamado Conhecendo o Mundo e ficava muito puto de perder para meus pais.
David Beckham e as embaixadinhas!
O que funcionou para o Beckham de 5 anos de idade era competir contra si mesmo. O que funcionou para o Raiam de 5 anos de idade era competir com os outros.
Tem um livro muito bom sobre a importância do fator competição na cabeça de um ser humano chamado Win Forever: Live, Work and Play Like a Champion do técnico campeão do Super Bowl pelo Seattle Seahawks. (Win Forever está no Philosopher’s Notes também).
A pergunta que eu fazia era: o que eu preciso fazer para parar de perder e bater de frente com eles?
Caixa preta! Eu estudei todas as cartas do jogo e dediquei horas e horas para decorar o livrinho de respostas até que um dia eu não perdi mais para meus pais.
A conclusão é que eu acabei transportando aquela mentalidade de caixa preta do Raiam de 5 anos para ser o melhor aluno da escola, para sair do Brasil quando eu era muleque, para ganhar o Academic All Ivy no futebol americano, para conseguir um emprego top no mercado financeiro, para virar apresentador de TV, para cobrar cachê para dar palestras e até para o mercado literário.
Se um dia eu acordar com vontade de virar ator da Globo, o caminho é o mesmo.
Deu certo no passado? Continua dando certo no presente:
1) Escolher um competidor
2) Ver o que ele faz certo
3) Fazer tudo o possível para fechar o gap entre você e ele.
O dia que isso parar de dar certo pra mim, eu volto na “caixa preta do mal” e analiso o banco de dados que comprei.
Vale lembrar que esse tipo de competição aí é bem diferente do que focar na grama do vizinho.
Por exemplo: eu estabeleci uns competidores que venderam mais livros do que eu mas isso não significa que eu vou virar escritor de ficção e começar a publicar livro de conto erótico feminino.
Tudo bem que isso vende pra caramba mas cada um corre sua própria maratona.
Tem um filme no Netflix chamado Rush que conta a história da rivalidade entre os pilotos de Fórmula 1 Niki Lauda e James Hunt.
Eles se odiavam mas, no fundo, um precisava do outro.
Se não tivesse um James Hunt ali, o Niki Lauda reconhece que não teria conseguido puxar energias para sair do coma e voltar a ser campeão na pista.
Aí vem a frase principal do filme:
“A wise man gets more from his enemies than a fool from his friends”
E aí? Tem alguma experiência de “compra de dados” quando tu era muleque? Bora trocar ideia aí nos comentários.
Caixa preta neles!
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Falando nisso, depois dá uma olhada nos meus livros Hackeando Tudo (best-seller em auto-ajuda), Wall Street (best-seller em negócios e biografias), Turismo Ousadia (best-seller em Turismo) e Missão Paulo Coelho.
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