Minimalismo

A Lei dos 20 Quilos: como curar a doença do perfeccionismo?

Kobe Blog
Escrito por Kobe Blog em 05/09/2016
A Lei dos 20 Quilos: como curar a doença do perfeccionismo?

 

 

Quem segue minha rotina lá no Snapchat tá ligado que eu assisto as aulas desse careca aqui todo dia de manhã.

careca

 

Não incluí no Hackeando Tudo porque esse hábito apareceu bem depois mas eu estudo pelo menos 3 pdfs/video-aulas do site Philosopher’s Notes todo santo dia antes de começar a trabalhar.

Se você também se amarra nessas paradas de desenvolvimento pessoal, psicologia, filosofia, lei da atração e programação neurolinguística, altamente recomendo que se inscreva no Philosopher’s Notes.

Philosopher’s Notes é o site de um ex-executivo lá de San Diego chamado Brian Johnson. O cara vendeu uma empresa tech na época do dot-com boom por dezenas de milhões de dólares e se reinventou como um “filósofo do mundo moderno“.

Daí ele criou uma espécie de Netflix do desenvolvimento pessoal e da otimização da vida (sim, o Brian foi um dos caras que me inspiraram a escrever meu primeiro livro Hackeando Tudo).

A pessoa paga 10 doletas por mês para ter acesso a mais de 400 resumos dos principais livros desses assuntos e mais uma porrada de video-aulas e podcasts.

Na real, 95% do conteúdo do cara é grátis nesse canal aqui do YouTube.

No começo, eu ia na malandragem: pagava um mês, baixava todos os resumos, cancelava a conta e ficava só nos vídeos grátis que o Brian Johnson tem no YouTube.

Depois que eu virei escritor e vi uns pdfs dos meus livros rodando os streams piratões da internet, eu comecei a fazer questão de pagar 10 obamas todo mês só por gratidão e reciprocidade mesmo.

O cara faz um trabalho legal e entrega muito mais do que 10 doletas em valor para mim. Conclusão? Merece ser remunerado.

Se você se interessou, clica nesse logo feio aí embaixo e se inscreve-lá no Philosopher’s Notes.

notes

(Faço um logo muito melhor que esse lá no Fiverr por 5$ heheeh)

Vale lembrar que isso não é pra todo mundo. Tem que manjar bem do inglês falado e escrito.

Semana passada, eu abri a plataforma, fui para a seção de criatividade e peguei a note do livro Art & Fear: Observations on the Perils (and Rewards) of Artmaking de David Bayles.

Daí eu dei de cara com uma história bem interessante que tem muito a ver com o meu trabalho e pode ter a ver com você também.

É a lei dos 50 pounds.

50 pounds?

Para transformar pounds em quilos, eu preciso dividir essas 50 libras por 2.2.

Mas já que a dízima periódica de 22.727272 é bem feia, eu resolvi arredondar para baixo e chamá-la de Lei dos 20 quilos.

Que porra de lei é essa, Raiam?

 

A Lei dos 20 Quilos

ceramics

Numa parte do Art & Fear, o autor fala sobre um case-study de um professor de arte lá dos Estados Unidos que decidiu fazer um “experimento social” dentro de sua aula de argila.

Ele pegou a turma e dividiu ela em dois grupos.

No primeiro grupo, a ordem era a seguinte:

 

“Vocês têm 3 meses para entregar o melhor vaso de argila possível. Sua nota depende da qualidade dessa vaso”

 

Com esse primeiro grupo, o foco era na obra-prima, no detalhe, na perfeição.

Com o resto do pessoal, ele decidiu inovar um pouquinho:

“Vocês têm 3 meses para entregar 20 quilos de vasos de argila. Não importa se os vasos estiverem feios ou bonitos. Se você chegar me entregar 20 quilos de arte, você vai receber a nota máxima e ponto final”.

Passou 3 meses, ele distribuiu as notas e teve a seguinte conclusão: todas as “obras-primas” vieram do grupo dos 20 quilos. 

Como assim, cara? Por que a “qualidade” veio daqueles que não tinham qualidade como objetivo?

Simples: repetição gera maestria.

Quantidade versus qualidade

quanti

Um vaso de argila normalzinho que eles estavam acostumados a fazer pesava menos 500 gramas. Para chegar a 20kg, os caras tinham que realmente botar a cara dia sim e dia sim.

O pensamento dessa galera não era “eu preciso criar o vaso perfeito”.

Tava mais para “eu preciso de ação senão meu tempo vai acabar”.

Aí o que acontece quando você bota a cara com consistência e repetição?

Boom! Você vai ficando cada vez melhor. É o mindset de crescimento, mano! Ou você não lembra daquele post que eu escrevi sobre a psicologia do futevôlei?

Do outro lado da moeda, perfeccionismo só gera insegurança e ansiedade.

Segundo o próprio Brian Johnson, perfeccionismo é o maior mal da humanidade. Ele tem uma master class inteira de 1hr falando só sobre isso lá no site.

Papo reto: de todos os meus conhecidos que são perfeccionistas de carteirinha, 100% deles não atingiu nem 50% de seu respectivo potencial.

Sabendo que seria julgado em qualidade, o segundo grupo passou o trimestre inteiro sentado lá conceitualizando, pensando, idealizando o vaso de argila perfeito para ganhar a nota A.

Quando chegou a hora do vamo ver, só saiu lixo!

A diferença? Enquanto esse grupo passou o trimestre pensando no que ia fazer, o outro grupo passou o trimestre inteiro fazendo.

Outliers e o caso Beatles

QUINTE

Quando eu era muleque, alguém pregou na minha cabeça que QUALIDADE É MELHOR QUE QUANTIDADE.

Só esqueceram de me avisar que obsessão com qualidade (perfeccionismo) é o inimigo #1 de quem quer botar pra fuder!

Esse caso da argila aí me deu um pouco de tela azul… mas daí eu lembrei de outro livro pica das galáxias que fala de um tema parecido: Outliers – Foras de Série de Malcom Gladwell.


Para muitos, o livro Outliers se resume a uma única expressão: “10 mil horas”.

Sim, segundo o autor, para alguém ficar muito bom em uma determinada atividade, são necessárias 10mil horas de prática deliberada.

Acho que no quarto capítulo, o Gladwell fala da ascensão dos Beatles e atribui a mudança deles de Liverpool para Hamburgo na Alemanha como o grande divisor de águas na carreira deles.

O empresário da banda desenrolou um gig para os Beatles saírem da Inglaterra e tocarem fixos num bar de rock na Alemanha chamado Kaiserkeller durante alguns meses.

Cada hora cheia, começava um show diferente. Daí eles tinham que improvisar várias paradas, colocar centenas de músicas no repertório e tocar durante horas e horas seguidas.

Todo santo dia!

Repetição, repetição, repetição e mais repetição… na frente do público!

Se o negócio estivesse uma merda, a reação era imediata. Muito melhor do que se eles tivessem tocando sozinhos no estúdio sem saber se aquele trabalho vai ser aceito ou não pelo público.

Se eles tivessem ficado em Liverpool, eles iam tocar pra valer só uma vez por semana… no máximo duas.

Fora isso, iam ficar se preocupando com a logística de ir de uma casa para a outra.

E ainda tem aquela passagem bíblica que eu adoro repetir aqui no blog. No Evangelho de Marcos, o barbudão disse o seguinte:

“Só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra”

Jesus Cristo fez milagre em toda cidade que ele visitou. Só teve um lugar que ele não conseguiu nada: na sua própria cidade de Nazaré. Os Beatles só viraram os Beatles quando finalmente meteram o pé de Liverpool e foram pra Hamburgo.

Em Hamburgo, eles só tocavam. E tocavam muito. Não bem. Mas muito.

E por tocar muito… eles acabaram tocando muito bem.

Juros compostos, mano!

The rest is history.

Serviço diferenciado

servic

Acho que essa lei dos 20kg vale pra tudo: esportistas, músicos, pilotos de avião… quer outro exemplo?

(Pensei até em deixar esse próximo exemplo de fora… mas esse site tem um passado politicamente incorreto então eu vou em frente).

Lembra daquele artigo onde eu escrevi uma análise econômica sobre o puteiro de luxo Scandallo lá em São Paulo?

É impressionante como os caras mais boa-pinta e mais ricos que eu conheço se amarram em sair com putas.

É claro que eu não vou entregar o nome de ninguém aqui mas essa galera aí facilmente pegaria a mulher mais gata de qualquer balada… e sem pagar um tostão.

Por que tirar dinheiro do bolso e arriscar uma doença, irmão? Será que é falta de confiança? Muito dinheiro sobrando?

Por um bom tempo, eu julguei essa galera toda e eu fiquei sem entender o principal argumento deles. Eu mesmo sou o tipo do cara que NUNCA pagaria por sexo.

Além daquela velha história de que “puta não liga no dia seguinte”, tem outra razão por trás disso que tem muito a ver com a tal lei dos 20 quilos e a lei das 10mil horas do Malcom Gladwell: serviço diferenciado.

Quem é melhor em futebol? O Gabriel Jesus de 19 anos que treina todo santo dia ou o Raiam dos Santos de 26 que joga uma pelada a cada duas semanas?

Gabriel Jesus é profissional.

Já deu pra entender aonde eu quero chegar com esse negócio de puta, né?

 

 

3 mil palavras por dia

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A grande vantagem de ler livro pra caralho (tô em 123 esse ano e a lista tá nesse link aqui), é poder colocar em ação aprendizados pontuais de cada um.

A verdade é que eu levei essa porra das 10mil horas e dos 20kg a sério no meu próprio trabalho.

Meu trabalho?

Hoje em dia, eu não sou analista financeiro, não sou jogador de futebol, não sou comentarista de TV, não sou palestrante, não sou empreendedor… eu sou escritor e ponto final. 

Os Beatles produziam som, os caras da aula de arte produziam argila… o escritor produz palavras.

Escrever já deixou de ser hobby pra mim há muito tempo.

Aí vem um outro livro sobre criatividade e maestria (putz já referenciei 3 hoje): A Guerra da Arte do Steven Pressfield.

Pressfield fala da diferença entre o profissional e o amador.

O amador faz aquilo por hobby. Quando ele encontra algum obstáculo, ele para. No fundo no fundo, apesar do nome, o amador não ama de verdade aquela atividade.

O profissional ama tanto aquele hobby que realmente leva e ele a sério e faz de tudo para transformar aquilo em profissão. Quando aparece obstáculo, ao invés de parar e se lamentar, ele continua porque sabe que está no caminho certo.

Cataplei!

No dia que eu cheguei à conclusão “caramba, eu acho que eu tenho futuro nessa porra”, juntei Pressfield, David Bayles e Gladwell e comecei a colocar em prática o hábito de escrever.

Comecei escrevendo 50 palavras por dia num bloquinho de bolso.

Depois essas 50 viraram 200 e o bloquinho virou um caderno daqueles de 90 páginas.

Depois passei para 500 por dia e tive que aposentar os cadernos finos porque tava virando sócio da Kalunga.

No início de 2015, o objetivo era 1000.

Hoje em dia, eu não vou dormir sem ter escrito pelo menos 3000 palavras.

Numa página de caderno cabem mais ou menos 200 palavras. Faz as contas aí.

Se eu consigo me disciplinar para escrever 3000 palavras consistentemente em dias normais, quando chega a hora H de escrever um livro, a escrita acaba saindo muito mais natural.

Por que? Porque eu transformei aquilo ali em hábito.

 

Não contrate um comunista

comunistacover

No começo desse ano, tive algumas semanas de bloqueio criativo que me trouxeram ondas e mais ondas de ansiedade.

Minha insegurança vinha do seguinte: eu havia escrito um artigo chamado Não Contrate Um Comunista que atingiu milhões de pessoas, gerou vários convites para dar palestras e até derrubou o servidor do blog de tanto acesso.

Com aquele resultado debaixo do braço, qual foi o meu mindset? Vou escrever outro post para ter o mesmo impacto do Não Contrate Um Comunista.

Ao invés de escrever só por escrever, eu passei a escrever pensando em “perfeição”.

Tentei uma vez. Nada.

Tentei outra. Nada.

Daí eu joguei a toalha e resolvi apostar na Lei dos 20 quilos.

De tudo o que eu escrevo, acho que só uns 10% fica público em site ou em livro.

O resto tá aqui no meu caderno de gratidão, no HD do meu computador ou nos rascunhos do WordPress do MundoRaiam.

Agora para pra pensar: são uns 350 artigos aqui no blog.

Não sei se você percebeu isso mas eu raramente escrevo artigo com menos de 2.000 palavras aqui no MundoRaiam.

Coloca aí: 700mil palavras em 2 anos.

Fora os 16 cadernos de gratidão velhos que eu tenho no armário e os 5 livros que eu já escrevi nesses 2 anos (4 estão publicados no Amazon; o Imigrante Ilegal é o próximo a sair).

Facilmente 1 milhão de palavras em 2 anos.

1 milhão de palavras é coisa pra caramba, irmão.

E ainda tem os vídeos, as palestras e os podcasts. Mais conteúdo, mais repetição… ao longo do tempo isso vira maestria. É aquele velho princípio dos juros compostos!

Agora pega os artigos do MundoRaiam lá dos primórdios de 2014 e compara com os de agora.

Pega a primeira versão do Hackeando Tudo de março de 2015 e compara com o flow, com a estrutura e com a técnica do Wall Street ou do Missão Paulo Coelho.

Mano, eu evoluí pra caramba.

Tem algum segredo pra isso? Repetição, repetição e mais repetição… consistência, consistência e mais consistência.

 

E o perfeccionismo?

Enfia ele no cu!

Papo reto: vale muito mais a pena buscar a otimização do que a perfeição.

Sabe por quê?

Porque perfeição não existe, jovem!

Pensa nas 50 libras (=20 quilos) e bota pra fuder!

~Raiam

P.S1: Já estou me visualizando recebendo vários emails de “ex-perfeccionistas que botaram pra fuder” daqui a uns anos hein?!

P.S2: Se você tem o sonho de publicar um livro mas não tem a mínima ideia de como concretizá-lo, dá uma olhada no curso online que eu montei COMO PUBLICAR UM LIVRO SEM PRECISAR DE EDITORA. No conteúdo, eu só não te ensino a escrever (isso vem de dentro). De resto, pode ter certeza que você vai aprender tudo sobre edição, formatação, escolha de capas, título, palavras-chave, publicação, marketing, impostos, royalties internacionais e até a manipular os rankings dos best-sellers.